Equilibrar o formato de série de procedimento forense e casos policiais a cada semana, com um mundo de "metahumanos" que exigem ação e efeitos especiais super-heroicos, será o desafio da série de TV The Flash. A julgar pelo episódio piloto, não é um balanço fácil de resolver.
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Grant Gustin protagoniza a série do velocista saído dos quadrinhos da DC Comics. Barry Allen, o "homem mais rápido do mundo", é apresentado de forma expressa no piloto, em 45 minutos que não dão muito espaço para sutilezas: primeiro o trauma de infância que pauta sua vida, a morte misteriosa da mãe, depois sua rotina como especialista em colaboração com a polícia de Central City, e finalmente o lado super-herói, depois que uma descarga de energia de um acelerador de partículas dá ao jovem Barry seu poder.
Quando ainda não tinha a supervelocidade, Barry já enxergava pistas de crimes como um superdotado - o que na telinha ganha um efeito visual de realidade aumentada parecido com séries de investigação como CSI, Sherlock e similares. Esse talento é explorado em uma cena do piloto, e só. Os coadjuvantes do departamento de polícia, do amor platônico de Barry ao seu potencial nêmesis (Eddie Thawne, o detetive "Pretty Boy" da série de TV, é o Flash Reverso nas HQs), também não mostram ainda a que se prestam.
A principal questão que fica é como essa rotina de série policial será tratada a partir do momento em que entra em cena o lado fantástico de The Flash: a supervelocidade de Barry e os poderes de outros "metahumanos" afetados pela explosão de partículas - elemento que, como as oportunas chuvas de meteoros em Smallville, aqui será obviamente usado para justificar aparições das ameaças mais diversas.
Tambem foi lidando como pôde com esse equilíbrio que a série de TV estrelada por John Wesley Shipp (ator que faz uma participação aqui como o pai de Barry) durou apenas uma temporada entre 1990 e 1991. A julgar pela cena final do piloto, a nova versão de The Flash adiciona ainda um complicador, elemento saído dos quadrinhos que deve tornar a equação mais interessante: a viagem no tempo. Dar conta de todas essas expectativas, e ainda trazer para a telinha a mitologia do herói, pouco conhecida do grande público, torna The Flash um projeto-desafio maior do que se esperaria das séries teen do canal CW.