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Histórias em Quadrinhos de Super-Heróis | Introdução às HQs

Uma seleção de grandes aventuras de super-heróis para iniciantes

22.03.2012, às 00H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H39

Nos últimos 25 anos quase todas as grandes histórias em quadrinhos de super-heróis foram desconstruções do gênero. As consagradas Watchmen (1986) e Batman - O Cavaleiro das Trevas (1986), duas das mais comentadas graphic novels de todos os tempos, são exatamente isso - comentários sobre a própria natureza do meio e seus personagens, uma resposta a 50 anos de estrutura estabelecida. Deixe-as para depois, portanto. Comecemos com histórias de super-heróis que não hesitam, questionam ou discutem o trabalho que precisam desempenhar e como devem fazê-lo, como foram originalmente concebidos.

Primeiro, uma das melhores origens já (re)contadas: uma edição belíssima de Batman: Ano Um (1987) foi recentemente devolvida às prateleiras pela Panini Comics. Trata-se de uma das mais elaboradas histórias do Homem-Morcego, por Frank Miller e David Mazzucchelli. Mais do que uma aventura super-heróica que mostra como o bilionário órfão Bruce Wayne tornou-se o Batman, a HQ é uma história policial com visual noir que, ali no meio, inclui o nascimento de um super-herói.

Outra recomendação, para muitos, representa o auge dos quadrinhos de super-heróis em equipe: os anos de Chris Claremont e John Byrne à frente dos X-Men. A dupla estabeleceu um equilíbrio perfeito entre dramas cotidianos, humor, aventura e mistérios recorrentes à superequipe, trabalhando isoladamente cada um dos personagens ali apresentados e dando a eles personalidades que o cinema hoje está apenas começando a entender como explorar. Nas aventuras da dupla, os X-Men singraram o espaço, enfrentaram homens rancorosos, engalfinharam-se contra sua própria raça e encontraram o terror - e o amor - em sua própria equipe. Tais histórias, todas memoráveis, são frequentemente compiladas e já foram publicadas por aqui diversas vezes. Idealmente, porém, se você lê inglês, procure as edições "definitivas" em lojas como a Amazon.

Ainda no Universo Marvel, se você empolgou-se com O Poderoso Thor nos cinemas, as aventuras do Deus do Trovão por Walt Simonson (reunidas no Brasil em diversos especiais da linha "Os Maiores Clássicos do Thor") são também uma excelente pedida. Nelas, o filho de Odin é mostrado enfrentando batalhas épicas enraizadas na mitologia nórdica, sem medo de muitas vezes flertar com o ridículo, como quando ele foi transformado em um sapo... o Sapo do Trovão!

Impossível também deixar de lado o mais carismático dos super-heróis. O sensacional Homem-Aranha, herói criado por Stan Lee e Steve Ditko, hoje move multidões aos cinemas para suas aventuras. Mas foi pelas mãos de Lee e ilustradores como John Romita (o pai) e John Buscema que o escalador de paredes tornou-se um fenômeno de popularidade. Arcos de histórias inesquecíveis marcaram época por levar o herói às últimas consequências do bordão que virou sinônimo de sua luta: "Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades". Qualquer história desse período é uma aula do que torna um super-herói ao mesmo tempo humano e fantástico.

Igualmente perfeitas, com humor e aventura em equipe - ou melhor, família - as histórias do Quarteto Fantástico são imperdíveis especialmente em duas fases. A primeira com os mestres Lee e Jack Kirby, que criaram a hoje conhecida como "Trilogia de Galactus" nas páginas de Fantastic Four na década de 1970. Nesse arco de histórias não apenas um dos maiores (literalmente) vilões da Marvel surgiram, o Devorador de Mundos Galactus, como também seu arauto, o poético Surfista Prateado, que foi a expressão máxima da incrível verborragia de Lee e um dos maiores representantes do ideal heróico que faz um super-herói. Na história, para salvar seu mundo da fome de uma entidade intergaláctica, Norrin Radd sacrifica sua humanidade, tornando-se o arauto desse ser e partindo em busca de novos mundos para ele devorar. Mas ao chegar na Terra, o próximo alvo do faminto Galactus, o Surfista Prateado depara com um novo dilema, já que encontra aqui belezas dignas de serem salvas, apesar da natureza cruel da humanidade.

Em uma linha um pouco menos fantástica (o tanto quanto ninjas cegos e supergatas em trajes mínimos saltando de arranha-céus podem ser), o mesmo Frank Miller de Ano Um criou alguns dos melhores arcos de histórias do Demolidor para a Marvel. Nessas histórias, que culminam na aclamada saga "A Queda de Murdock", o roteirista conseguiu transformar o herói cego em um dos mais complexos e empolgantes personagens da editora, criando coadjuvantes memoráveis no processo, como o vilão Mercenário e a bela ninja Elektra. Assim como no caso de Thor, tais histórias podem ser encontradas em publicações da série "Os Maiores Clássicos".

Mas nenhuma lista de histórias em quadrinhos de super-heróis seria completa sem uma aventura do Superman - e Grandes Astros Superman, de Grant Morrison e Frank Quitely, sintetiza e homenageia tudo o que de melhor foi produzido com o personagem em 70 anos de histórias. Trata-se de uma das melhores HQs do pai de todos os super-heróis já escritas e uma obra-prima de Morrison e Quitely, cujo empenho em criar algo que faça justiça ao nome do Homem de Aço é visível em cada quadro. A série, já publicada integralmente no Brasil, virou também um longa-metragem animado (lançado em DVD), que é ótimo, mas que simplifica demais o que foi criado nas páginas.

Enfim, uma recomendação que foge dos universos das grandes editoras e pode ser facilmente acompanhada por qualquer um que se interesse por super-heróis é Invencível, de Robert Kirkman, Cory Walker e Ryan Ottley. Essa série, criada pelo mesmo autor de The Walking Dead, mostra o cotidiano de Mark Grayson, um jovem que tem sua vida completamente alterada quando descobre que é o filho de Omniman, o maior super-herói do planeta. Uma história de origem simples, com um traço limpo e acessível e que guarda ótimas surpresas logo na primeira dezena de edições.

Heróis mal-humorados

Enfim, ainda que tenha evitado recomendar HQs que desconstruam o gênero dos heróis, não consigo deixar de citar a saga Planetary, de Warren Ellis e John Cassaday. Diferente dos quadrinhos de super-heróis que pretendem analisar apenas um gênero, este busca a desconstrução de toda a cultura pop. Literatura pulp, ficção científica, filmes de monstros japoneses... Os atores mergulham fundo em referências que são acessíveis a fãs e não-fãs de quadrinhos. Basta ter assistido a qualquer filme de super-herói recente ou televisão nos anos 1980 para entendê-las todas. Na HQ, um grupo de "arqueologistas do desconhecido", três sujeitos superpoderosos, desvenda os maiores segredos do século 20 - de certa maneira uma versão mais adulta e inteligente das melhores aventuras do Quarteto Fantástico.

Igualmente sisuda e um bom ponto de partida para novos leitures são as histórias dos Supremos, a versão do Universo Ultimate dos Vingadores. Esse selo de HQs foi criado para facilitar a entrada de novos fãs ao universo Marvel e com uma linguagem mais cinematográfica, o que o tornou uma referência perfeita para Hollywood quando a Marvel precisou reinventar os Vingadores para as telas. Essas histórias, disponíveis em coletâneas no Brasil, mostram o primeiro encontro da superequipe formada por Capitão América, Vespa, Gigante, Homem de Ferro, Hulk e Thor.

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