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DC Comics | Os Novos 52 - Analise dos títulos da reformulação - Parte 1

De Action Comics a Swamp Thing - Semana II do reboot

13.09.2011, às 00H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H36

O título desta artigo seria "lemos para você não ter que ler", mas a DC Comics já está levando bordoadas demais da crítica pela estratégia - curiosa, no mínimo - de cancelar todas suas séries, relançar toda sua linha com 52 revistas no mesmo mês e fazer um reboot seletivo de sua cronologia. O negócio é ler as revistas, curtir as boas, esquecer as ruins e torcer para que o mercado de quadrinhos continue a existir.

Tudo começou na semana passada com Justice League #1 - que já lemos e comentamos - e continua ao longo de setembro com mais 51 lançamentos. Vamos ler todos. Conheça abaixo os 13 títulos que foram lançado na segunda semana:

Swamp Thing

Swamp Thing

OMAC

OMAC

Stormwatch

Stormwatch

Detective Comics

Detective Comics

Batwing

Batwing

Green Arrow

Green Arrow

Static Shock

Static Shock

Action Comics

Action Comics

men of War

Men of War

Animal Man

Animal Man

Fogo

A tal cena especial para os leitores brasileiros com nome espanhol vidrados em conhaque

Justice League International

Justice League International

Batgirl

Batgirl

Hwk and Dove

Hawk and Dove

Action Comics #1

Um dos filés do reboot, com a história do Superman recontada do zero por Grant Morrison (Grandes Astros: Superman) e Rags Morales (Crise de Identidade). Dizer que é muito bacana é chover no molhado. O grande ponto positivo da edição, comparada a Justice League #1, é o fato de ter uma história com início, meio e fim legítimos - uma leitura que não parece de cinco minutos (e que dura bem mais se você for atrás das referências à Action Comics clássica que Morrison está salpicando). Destaque para os desenhos de Morales, que parecem atualizar as caricaturas de Joe Shuster.

Vale a pena acompanhar? Sem dúvida.

Animal Man #1

Falando em Morrison, é bom dizer que o Homem-Animal nunca fez sucesso desde que foi escrito pelo escocês há 20 anos. Mas repetir a fórmula do herói-com-família-metido-com-metalinguagem também não dá. Jeff Lemire (Sweet Tooth) mantém a família mas insere outros elementos malucos: Buddy Baker virou ator de cinema indie (!), veste o colante de vez em quando, sangue escorre de seus olhos quando ele usa os poderes (além de lhe darem uns sonhos estranhos) e sua filha escolheu bichinhos de estimação macabros. Os desenhos de Travel Foreman deixam tudo ainda mais bizarro. Enfim, ainda parece um gibi da Vertigo. Fica a curiosidade para saber o que vai sair desta mistura.

Vale a pena acompanhar? Vale.

Batgirl #1

Barbara Gordon agora está caminhando - não por reboot, pois ela lembra de levar um tiro do Coringa e passar "três anos" (pra nós foram mais) numa cadeira de rodas. A primeira coisa que ela faz quando recupera suas forças é voltar ao uniforme clássico de Batmoça e enfrentar vilões bem sanguinários em Gotham. Gail Simone e Ardian Syaf fazem uma típica edição de apresentação de personagem, estabelecendo casa, rotina, coadjuvantes e ameaças típicas da heroína. Mas é tudo tão "médio" que só dá vontade de continuar lendo a série se você estiver a fim de um gibi "médio".

Vale a pena acompanhar? Não.

Batwing #1

O herói faz parte da rede de "Batmen" lançados e apoiados no mundo todo pelo morcegão maiorial. Batwing é um policial do Congo que tem vida dupla como "Bat-africano". A edição segue a linha de Batgirl: apresentação, coadjuvantes, vilões etc. A única diferença é o gancho narrativo que Judd Winick e Ben Oliver deixam na última página, pondo em dúvida o que esperar da continuidade da série.

Vale a pena acompanhar? Por enquanto só para ver como se resolve a conclusão da primeira edição.

Detective Comics #1

Tony Daniel cresceu muito como desenhista nos últimos anos, passando dos grandes visuais da Image Comics clássica para uma narrativa bem estuturada e as páginas criativas. Como roteirista, porém, ainda é bem mediano. A primeira Bat-série relançada respeita o título como uma história focada nas capacidades detetivescas do morcegão, em uma clássica aventura contra o Coringa (que, vamos elogiar, tem início, meio e fim). A última e macabra página está provocando discussões Internet afora, e garante leitores pelas próximas edições.

Vale a pena acompanhar? Por enquanto, sim.

Green Arrow #1

Outro rebootado, Oliver Queen agora é um jovem empresário e inventor que faz multitasking entre criação multimilionárias - a Q-Core, a grande empresa de tecnologia responsável pelo Q-Phone e o Q-Pad - e o combate internacional ao crime - com as flechas que nunca são meras flechas. Sabe quando querem lhe mostrar mostrar um roteiro de filme carregado de clichês na trama, nas caracterizações e nos diálogos ("Sim, eu tenho vários brinquedinhos... Mas não vim aqui para brincar!")? Essa é a pira de J.T. Krul, escritor que já chega com um currículo pouco recomendável. Dan Jurgens está nos desenhos só para cumprir tabela.

Vale a pena acompanhar? Só se você conseguir registrar tudo como ironia.

Hawk and Dove #1

Sim, Rob Liefeld! Sendo o bom e velho Rob Liefeld, não tenha dúvida. O roteiro pode ser de Sterling Gates, mas a história sai dos trilhos à moda liefeldiana. Tem avião batendo contra monumento histórico dos EUA (na semana dos dez anos do 11/9), tem lambanças cronológicas (sabia que o Columba original ainda morreu em Crise nas Infinitas Terras, aquela história que devia ter sido apagada da cronologia?), anatomia criativa e expressões que não têm nada a ver com o que os personagens estão dizendo.

Vale a pena acompanhar? Não, por favor, não.

Justice League International #1

Os maiores governos da Terra são convencidos a financiar uma equipe com heróis de vários países e... bom, não vai muito além disso. O Soviete Supremo solta algumas palavras em russo, o chinês Augusto General de Ferro fica vangloriando-se de ser da maior potência mundial e, pronto, isso é caracterização para Dan Jurgens (roteiro) e Aaron Lopresti (desenhos). Ah, e parece que Gladiador Dourado é outra vítima de reboot total. Para fechar, uma cena especial para os leitores brasileiros com nome espanhol vidrados em conhaque (veja o quadrinho ao lado), com a (re)introdução da heroína local Fogo:

Vale a pena acompanhar? Não, por favor, não.

Men of War #1

Sempre foi difícil entender os quadrinhos de guerra dos EUA sem viver de perto a cultura de guerra deles. Continua assim. A nova série tenta resgatar o gênero em baixa introduzindo um neto do Sargento Rock (criação de Ivan Brandon e Tom Derenick) que se envolve em missões de alto risco com "super-apoio" - são guerras do mundo real, mas o universo ainda é o DC, se que é dá pra entender. Uma história secundária (por Jonathan Vankin e Phil Winslade) tenta ser ainda mais realista, mostrando uma equipe de soldados em conflito urbano em cidade árabe não-identificada. Melhor continuar não entendendo.

Vale a pena acompanhar? Não.

OMAC #1

A série escrita pelo chefão-DC Dan Didio - com Keith Giffen, que também desenha - diz "Jack Kirby" nos desenhos, nos personagens, nos diálogos e nos recordatórios cheios de grandiosidades. Parece até provocação com a Marvel, que está num período obrigatório de vergonha de mencionar o nome Kirby. Didio e Giffen transformam OMAC em um monstro azul que quer descobrir os segredos do Projeto Cadmus, "instituição líder na pesquisa do genoma". É Kirby, sempre. Prato cheio para quem gosta das pirações do finado quadrinista.

Vale a pena acompanhar? Vale.

STATIC SHOCK #1

O herói jovem sempre teve algo de Homem-Aranha/Peter Parker - estudante de ensino médio com superpoderes, meio CDF, que faz estágio num laboratório. A nova série reforça estas coincidências. Scott McDaniel desenha e escreve - ao lado de John Rozum -, e não faz muita questão de apresentar o personagem para quem está chegando agora. Mesmo que você já curta ele - de gibis anteriores ou do desenho animado - ou seja chegado no estilo Homem-Aranha de herói, ainda é um gibi médio e sem atrativos.

Vale a pena acompanhar? Não.

STORMWATCH #1

A DC já avisou que este pode ser o título mais importante para entender a estrutura do novo universo, a partir de um grupo secreto de heróis que observa o mundo de uma estação espacial. Há uma mistura de elementos da Stormwatch original ao próprio Universo DC (como a presença do Caçador de Marte), mas a principal referência do escritor Paul Cornell e do desenhista Miguel Sepulveda é a finada Authority (da qual pegam alguns nomes emprestados). As ameaças são nas mesma linha: na primeira edição, é a Lua que se volta contra a Terra. Mas eles vão precisar de sorte, pois Authority nunca conseguiu emplacar depois dos primeiros anos.

Vale a pena acompanhar? Talvez, por enquanto.

SWAMP THING #1

Scott Snyder, de Vampiro Americano, é o contratado para fazer o Monstro do Pântano voltar a ter alguma relevância. Ele chega com uma diferença: Monstro e Alec Holland agora estão separados. E o mundo sofre uma ameaça macabra que afeta toda sua fauna. Os desenhos de Yannick Paquette estão melhores do que nunca (com homenagens declaradas a John Totleben, que acompanhou Alan Moore nos bons tempos) e parece que vão construir uma boa série de terror. A primeira edição é misteriosa quanto ao que vem por aí, mas a expectativa é boa.

Vale a pena acompanhar? Vale.