O Snyder Cut é melhor? 25 diferenças entre a Liga da Justiça de Whedon e Snyder

A Liga da Justiça de Zack Snyder chega para atender os anseios dos fãs e para devolver ao diretor o filme que ele não pôde realizar em 2017. Poder assistir a este filme em 2021, porém, tem uma curiosidade adicional, que é a possibilidade de comparar o que mudou em relação ao longa de quatro anos atrás - que terminou reescrito e dirigido por Joss Whedon, embora Whedon seja creditado apenas como tendo colaborado com o roteiro.

Na lista abaixo, reunimos as mudanças mais perceptíveis entre os dois. Para facilitar, vamos chamar o Liga da Justiça de 2017 de Josstice, termo popularizado entre os fãs do Snyder Cut.

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Além das cores, a mudança mais evidente diz respeito à janela do filme. O Josstice assume um formato widescreen tradicional, de proporção de 1,78:1, enquanto o Snyder Cut é mais quadrado, com 4:3, como os filmes antigos. Em entrevistas, Snyder diz que esse formato é o mais próximo do Imax e que resolveu atribuí-lo ao filme todo, também inspirado em filmes recentes nessa janela, como First Cow, longa de Kelly Reichardt de 2020.

Lembramos bem como o filme de 2017 começa. Um material com o Superman filmado num celular é resgatado; é o ponto de vista de um civil, provavelmente uma criança. O Snyder Cut começa com a morte do Superman em Batman vs Superman, e seu grito agonizante é ouvido no planeta todo, despertando as caixas maternas. Em seguida, Martha deixa a fazenda Kent, tomada pelo banco, e Lois Lane - que deixou de ir ao Planeta Diário - vaga por Metrópolis, na área onde está a nave kryptoniana e o memorial em homenagem ao Homem de Aço.

A cena em que Batman usa um ladrão de isca para o parademônio - depois de juntar anotações de Luthor para identificar a invasão alienígena - é criação de Joss Whedon. Bruce decide formar a Liga para reagir aos casos com os parademônios, estranhamente ligados a três cubos misteriosos. Os parademônios sentem o cheiro do medo nas pessoas, e vieram à Terra porque a tristeza com o luto de Superman é generalizada. O Snyder Cut não se ocupa dessa relação de causalidade no início; as motivações para Batman formar a Liga são mais difusas.

No Snyder Cut, a preocupação com a invasão do Lobo da Estepe é apresentada mais livremente e mais tarde. Isso fica exemplificado na cena em que Batman vai atrás do Aquaman na Islândia. No Josstice, Bruce descobre na estalagem, desenhada na parede, uma ilustração com a caixa materna guardada em Atlântida. Ele então barganha para comprar o artefato de Arthur Curry, e alerta o Aquaman para o risco da invasão alienígena. No Snyder Cut, o Batman vai ao local atrás do Aquaman e não há menção a caixas maternas; o Homem-Morcego só está interessado no defensor dos mares como aliado, contra os males que ele sabe que virão.

Lobo da Estepe ataca Temíscira. O Snyder Cut dá atenção a uma aliada da rainha Hippolyta, Menalippe (Lisa Loven Kongsli), e a dinâmica de preocupação entre as duas personagens dá a entender que elas têm um envolvimento afetivo. Além disso, o templo é destruído com Lobo da Estepe e os parademônios (e dezenas de amazonas) dentro. No Josstice, o Lobo da Estepe passa pelas amazonas com mais facilidade e o filme não se ocupa das personagens isoladamente.

O mesmo acontece quando o vilão ataca Atlântida. No Josstice, Mera não oferece resistência. No Snyder Cut, a super-heroína faz Lobo da Estepe sangrar com seu poder de manipulação de água, antes de ser derrubada. Outra diferença é que Aquaman surge de surpresa no Snyder Cut para defender a caixa materna atlante; no Josstice, sabemos que ele vai ajudar na luta porque vimos Arthur mergulhando em direção ao reino. (O herói também já tinha indícios da invasão alienígena porque o náufrago que ele salva disse que seu barco fora afundado pelo alien, cujo sangue verde Arthur vê na mão; no Snyder Cut, Arthur salva o náufrago e diz que é perigoso navegar em dia de tempestade, não há a justificativa alien para o naufrágio).

Antes de Aquaman lutar contra o Lobo da Estepe em Atlântida, ele visita a estátua do antigo rei e encontra com seu mentor de adolescência, Vulko (Willem Dafoe), que pede que Arthur defenda a caixa materna porque seu meio-irmão, rei de Atlântida, tem um perfil belicoso demais e quer a guerra com a superfície. Arthur o despacha e fica entendido que ele já conhece seu passado e o reino submarino, porque diz que não tem interesse no trono e que os atlantes são “uma raça brutal, mesquinha e supersticiosa”. No Josstice, assume-se que o Aquaman não conhecia bem nada disso, inclusive seu diálogo com Mera sugere que eles não se conheciam pessoalmente antes.

A ameaça de Darkseid é desenhada duas vezes na primeira metade do Snyder Cut: quando Diana descobre a câmara subterrânea sob o templo aceso na Grécia, e quando o flashback da Antiguidade mostra a invasão de Apokolips. No Josstice, Diana entende que o templo aceso alerta para a ameaça; ela não visita a câmara secreta e fica sublinhado que ela já sabia - pelo passado das amazonas - do que trata a ameaça. Igualmente, no flashback épico da versão de cinema, o conquistador é o Lobo da Estepe, e não Darkseid. O Snyder Cut tira o Lobo da Estepe do flashback para consolidar Darkseid como a grande ameaça do filme e fazer de Lobo da Estepe um subalterno.

O Josstice relembra Batman vs Superman quando precisa falar da relação da Trindade e da culpa que Batman carrega pela morte de Superman. Já Zack Snyder insere mais a trama do filme anterior no seu Liga da Justiça, quando a investigação do roubo da kriptonita (feito pelo Batman em Batman vs Superman) se mistura com a investigação dos casos dos parademônios no S.T.A.R. Labs. O retrato falado é um desenho claramente de parademônio no Josstice (e Gordon acha que se trata do Batman quando o desenho cai na sua mão). Já no Snyder Cut, o desenho é de Batman (porque faz referência ao caso da kriptonita), mas os personagens assumem a certo ponto que o retrato falado é dos parademônios.

Uma das mudanças mais profundas diz respeito ao S.T.A.R. Labs e ao destino de Sylas Stone, o pai do Ciborgue. No Josstice, o personagem é salvo pelo filho na cena de ação no túnel de Gotham, e depois reaparece no final feliz quando Ciborgue e Sylas fazem testes juntos no laboratório. No Snyder Cut, depois de salvar Sylas no túnel (e trocar algumas palavras ainda amarguradas com ele), Ciborgue assistirá depois à morte do pai, quando o Lobo da Estepe toma a caixa materna ao lado do memorial do Homem de Aço. (No corte de cinema, o vilão leva essa caixa longe da câmera, sem deixar vítimas.) Graças ao sacrifício de Sylas, os heróis encontram a base do Lobo da Estepe no Snyder Cut; no corte de cinema, eles encontram quando Ciborgue sozinho triangula sinais das caixas maternas.

O Josstice arruma soluções banais para umas coisas e amarra bem outras. Uma cena bem amarrada é a introdução do Flash; ele vai visitar o pai na prisão, e o oficial da penitenciária (vivido por Marc McClure, que os fãs de Superman reconhecerão como o velho Jimmy Olsen de 1978) testemunha o superpoder de Barry e alerta Batman. No Snyder Cut, Barry primeiro mostra seus poderes numa cena do salvamento de Iris West (com colisões e hot-dogs) e não repete isso na prisão; Batman o encontra no Snyder Cut porque parece ter uma vigilância onisciente sobre o velocista.

No Josstice, o Ciborgue se esconde e só mostra seu corpo metálico quando entra para a Liga. No Snyder Cut, seu passado é mostrado em flashbacks (o acidente depois do jogo de futebol, a ausência do pai, o potencial na faculdade, a morte e o experimento com a caixa materna) e Vic Stone já assume seus poderes quando sai de casa para voar. A diferença é sublinhada sutilmente na cena em que ele encontra Diana pela primeira vez; na versão de cinema, Vic está de moletom e capuz e chega andando, pelo lado. No Snyder Cut, chega voando, como Ciborgue mesmo. No Josstice, ele testemunha uma conversa de Diana e Bruce no lago e depois combina, por computador, encontrar a Mulher-Maravilha. No Snyder Cut, Vic faz tudo isso à distância, com sua consciência online, e não combina com Diana antes de surgir diante dela. É um personagem mais arisco e, de certa forma, mais ameaçador, porque tem mais domínio sobre a máquina, enquanto o Ciborgue do Josstice não tem esse domínio porque não entende toda a tecnologia alien.

O primeiro momento de cemitério do Snyder Cut não é para desenterrar o Superman, e sim quando Victor visita a mãe morta para esconder a terceira caixa materna. No Josstice, o passado dessa caixa tem dois pontos-chave: quando os humanos da Antiguidade a enterram e depois (nas palavras de Batman), na Primeira Guerra Mundial, quando os ingleses a escondem. No Snyder Cut o caminho é outro, e é dito que os nazistas na Segunda Guerra também acharam a caixa, e Victor visita esse flashback pessoalmente em seu relato virtualizado.

No Josstice, quando a Liga se reúne no bat-hangar e chega à conclusão de que a caixa materna pode ressuscitar o Superman, Bruce e Diana acertam suas diferenças (com direito a soco). No Snyder Cut, a chegada ao hangar tem como destaque um comentário do Ciborgue, que percebe que o jato não voa por um problema de software que ele consegue resolver. Flash diz (pela segunda vez no filme) que tudo seria menos difícil se o Superman estivesse vivo. A decisão de tentar ressuscitá-lo com a tecnologia alien é mais coletiva do que no Josstice (em que parte basicamente da culpa que Bruce sente).

No Josstice, Superman é desenterrado numa cena em que Flash e Ciborgue falam do constrangimento do sacrilégio e se aproximam pela primeira vez. No Snyder Cut, eles falam também de Diana, quando Flash pergunta a Vic se ela estaria interessada no cara mais novo do grupo (“Todo mundo é mais novo para ela, que tem cinco mil anos”, responde Vic). Paralelamente, enquanto esperam o caixão, Diana e Arthur conversam e falam sobre a rixa milenar de atlantes e amazonas. Ao invadir a base, o grupo encontra Sylas, que testemunha mais uma vez o trabalho de seu filho com a superequipe.

O Ciborgue está mais presente no Snyder Cut, em cenas que mostram o potencial dos seus poderes e, depois, nos vislumbres que ele tem do futuro alternativo apocalíptico, em visões de pesadelo. Isso gera uma diferença na cena da nave kriptoniana em que o Superman é revivido. No Josstice, rola a contagem regressiva e Flash acelera para acender o cubo. No Snyder Cut, a contagem regressiva acontece e Ciborgue vacila no final, porque tem uma visão do futuro em que Darkseid domina a Terra com Superman e os super-heróis sucumbem; Flash acelera mesmo assim, porque não ouviu o alerta de Vic.

No Josstice, Martha e Lois se encontram no jornal e a mãe de Superman incentiva a jornalista a focar no trabalho. No Snyder Cut, essa cena acontece no apartamento de Lois e o assunto é mais o luto, a perda da fazenda (que não é tão mencionada no Josstice) e a dor que todo o mundo sente. Ao final, Martha diz que o mundo precisa de Lois, deixa a casa e revela ser o Caçador de Marte. Lois pega seu crachá do Planeta Diário de volta.

Lois Lane deixa de ir ao Planeta Diário no Snyder Cut, como ela diz a um homem que ela encontra sempre no memorial ao Homem de Aço, para servir café quente. No Josstice, ela evita reportagens trabalhosas mas continua indo ao jornal (o que conecta com uma cena da investigação dos parademônios quando isso aparece na televisão e na fala de outro repórter). Isso acaba levando ao pequeno clímax do ressuscitamento de Superman; no Josstice, Lois aparece lá porque Batman planejou a “arma secreta”. No Snyder Cut, vemos que Lois já estava lá, porque afinal ela visita sempre o memorial.

Ao ressuscitar no Josstice, Superman está consciente de si e ataca o Batman, culpando-o por tudo, numa troca de diálogo. No Snyder Cut, o Homem de Aço fala menos e age mais, atacando o Morcego com visão de calor. Quando volta à fazenda, ele “desperta” de vez quando relembra que tinha pedido Lois em casamento, e ambos falam da perda da fazenda. No Josstice, essa cena não acontece dentro da casa, mas no campo, com Clark e Lois conversando sobre a responsabilidade de herói do Homem de Aço.

No Snyder Cut, acompanhamos as etapas da invasão alienígena em mais detalhes. Lobo da Estepe constrói o domo da sua base em Pozharnov com duas caixas maternas (no Josstice isso acontece no final depois da terceira caixa), e após a cena da inundação do túnel de Gotham, ele volta à base e tem uma visão das marcas no chão que Darkseid fez no passado - e que seriam uma revelação de que a Equação Antivida está na Terra. Zack Snyder esboça um painel mais amplo com esse elemento que Darkseid sempre cobiçou na sua jornada nos quadrinhos; no Josstice, o golpe no chão que revela o “mapa” da equação era dado na Antiguidade pelo próprio Lobo da Estepe.

A equipe se une no jato para a batalha final. O Josstice usa esse momento para trazer mais o Aquaman para o meio, com a graça envolvendo o Laço da Verdade. No Snyder Cut, depois de Vic dizer que poderia se sacrificar para tentar dividir as caixas maternas, Batman usa esse momento para explicar como será seu plano de batalha (a versão de cinema tem basicamente Batman dizendo “não esperem por mim, só façam o trabalho”). Enquanto isso, depois de sair da fazenda, Superman revisita a nave kriptoniana para pegar o uniforme negro - o que não está na versão de cinema - e dá uma parada para conhecer Alfred na batcaverna, antes de seguir para a ação.

Superman chega à batalha final em um momento climático, nas duas versões. No Josstice, quando o Lobo da Estepe arranca uma perna de Ciborgue e canta vitória; Clark aparece por trás dizendo que é fã de justiça e verdade. No Snyder Cut, Superman entra primeiro na ação, salvando Victor e levando uma machadada que mal lhe faz cócegas e que quebra a arma. A batalha é obra de equipe no Josstice, com Superman congelando o machado do vilão, que Diana então quebra, antes dos parademônios devorarem o Lobo da Estepe. No Snyder Cut, o desfecho é mais sanguinolento, com Superman surrando o vilão, que depois é devolvido a Apokolips empalado e decapitado, para Darkseid assistir.

No Josstice, há uma preocupação com os civis russos, como a família apresentada no início do filme. Flash e Superman se dividem nos salvamentos, e no fim as caixas maternas são separadas pelo Ciborgue com a ajuda do Superman. No Snyder Cut, não há civis na cidade, e a justificativa para Flash correr o perímetro da cidade é gerar energia para acelerar e separar as caixas com Ciborgue - o que o velocista faz voltando no tempo e evitando a profética vitória de Darkseid. A cidade vira um jardim de flores na versão de cinema; no Snyder Cut a batalha fica no ar e Darkseid promete revidar “à moda antiga”.

A versão de cinema não tem um epílogo, apenas um desfecho “narrado” na reportagem que Lois faz sobre a história. Nela, o principal é que Bruce volta à mansão Wayne e sugere fazer ali a base da Liga. No Snyder Cut, a narração é feita pelo finado Sylas, com Victor se reconectando postumamente depois da morte do pai. Depois de aparecer pontualmente ao longo do filme, Ryan Choi (o futuro Atom) assume o comando do S.T.A.R. Labs. Nas duas versões, Bruce compra a fazenda Kent para Clark; da mesma forma, em ambas Clark termina abrindo a camisa e voando como o Superman, mas no Snyder Cut o uniforme é o preto.

No Snyder Cut, o epílogo se estende em dois ganchos. O primeiro é o acordo entre Lex Luthor e o Exterminador, em que Luthor revela a identidade do Batman para o mercenário. O segundo gancho acontece depois que Batman tem um novo pesadelo de fim de mundo (quando o Coringa Jared Leto aparece), e ele recebe em sua casa a visita do Caçador de Marte, que menciona a Equação Antivida e se prontifica a ser um aliado da Liga da Justiça no futuro.