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Estreia de Naomi se afasta de gibis e traz a própria visão do extraordinário

Série de Ava DuVernay toma liberdades criativas para aproximar história do mundo real

Nico
07.01.2022, às 17H44.
Atualizada em 28.02.2024, ÀS 00H47

Faz pouco menos de 10 anos que Arrow estreou na CW, dando o primeiro passo para a criação e expansão do que ficou conhecido como Arrowverse, franquia que inclui The Flash, Supergirl, Legends of Tomorrow, Superman & Lois e tantas outras. Depois de quase uma década vendo a emissora focar suas produções em um universo que já vê a existência de heróis como algo rotineiro, Naomi chega para recriar a sensação de deslumbramento com o extraordinário.

A estreia de Naomi começa como um conto de amadurecimento qualquer. Com frases rápidas proferidas por alguns jovens aleatórios, conhecemos a personagem-título, uma garota genial e extrovertida apaixonada pelo Superman - que aqui é apenas mais um personagem de quadrinhos. Vivida por Kaci Walfall, a jovem de 16 anos é tudo aquilo que todo adolescente deseja ser: popular, inteligente, esportiva e livre para se descobrir. Essa vida aparentemente perfeita muda repentinamente quando o Homem de Aço aparece na pequena cidade em que mora para enfrentar um vilão misterioso. Depois deste sinistro - e impossível - evento, Naomi passa a sofrer com seguidos desmaios e decide investigar como e por que o surgimento do Azulão lhe causou esse efeito.

Como já é de se esperar de um episódio piloto, a estreia da série não tenta responder nenhuma das perguntas que propõe. Escrito por Ava DuVernay e Jill Blankenship, esse primeiro capítulo ocupa seu tempo em apresentar Naomi e sua relação com seus amigos, família e com a cultura pop. Em menos de 15 minutos de episódio, o espectador já sente conhecer a jovem intimamente, a ponto de ficar apreensivo quando ela confronta o misterioso Dee (Alexander Wraith) ou invade a concessionária de Zumbado (Cranston Johnson) ao lado dos amigos.

Embora esteja carregada de diálogos expositivos, a estreia de Naomi compensa esse deslize na direção dinâmica de Amanda Marsalis, que desenvolve o piloto de forma ágil sem sacrificar o tempo de tela de seus principais personagens. Mesmo com pouquíssimos segundos de ação, a forma como a diretora desenvolve o mistério em torno de Naomi prende a atenção do espectador, que também não demora a se apaixonar pelo elenco principal.

Além da carismática Walfall, que se transforma por inteiro na Naomi dos gibis, Anthony Puig, Mary-Charles Jones, Will Meyers, Aidan Gemme e Camila Moreno criam uma dinâmica adolescente orgânica e verossímil, fugindo do drama exagerado de outras séries jovens da emissora como Riverdale ou One Tree Hill. Até mesmo as atuações intencionalmente caricatas de Alexander Wraith e Cranston Johnson, destacadas num contexto de “mundo real”, ajudam a ditar o equilíbrio de tom que Naomi deve seguir quando sua personagem inevitavelmente vestir seu supertraje.

Com DuVernay brincando com a liberdade criativa que lhe foi dada, Naomi estreia prometendo emoção e diversão na mesma medida. Respeitando o tom criado por Brian Michael Bendis, David F. Walker e Jamal Campbell nos quadrinhos da DC, a série se arma com uma narrativa própria para surpreender até os mais apaixonados fãs da personagem.