Depois de uma quarta temporada que abordou abertamente a política de imigração aplicada pelo governo americano, Supergirl retornou sem a mesma ferocidade política, prestando-se apenas a falas desconexas sobre como os jovens de hoje estão “muito desligados do mundo real” e não comparecem às urnas. A crítica do quinto ano, pelo menos neste primeiro episódio, é sobre a maneira como o público hoje escreve ou consome o jornalismo.
[Spoilers de “Supergirl: Event Horizon” a partir deste ponto]
Retomando do ponto em que a quarta temporada se encerrou, “Event Horizon” mostra Kara Danvers (Melissa Benoist) prestes a receber um Pulitzer, um dos prêmios mais importantes do jornalismo americano, por sua reportagem expondo o escandaloso envolvimento do governo com os planos de Lex Luthor (Jon Cryer) no ano passado. Ainda assim, a kryptoniana se sente mal por ainda não ter revelado a Lena (Katie McGrath) sua identidade secreta, sem suspeitar que a amiga já sabe a verdade.
Enquanto Alex (Chyler Leigh), Brainy (Jesse Rath), J’onn (David Harewood) e Nia (Nicole Maines) seguem suas vidas normais, James (Mehcad Brooks) e Kara são pegos de surpresa quando descobrem que a CatCo foi vendida a Andrea Rojas (Julie Gonzalo), velha conhecida de Lena, que pretende transformar o veículo em um portal de click baits, afirmando que notícias reais não vendem. Aqueles que não concordarem e pedirem demissão terão que respeitar uma cláusula de não-competitividade de três anos prevista em contrato, tendo suas carreiras no jornalismo praticamente enterradas.
Muito focado nos confrontos interpessoais, “Event Horizon” tem seus momentos de pura diversão. Ver a Supergirl enfrentar um dinossauro ou Alex correr de vestido questionando como seus amigos conseguem vestir tão rápido seus uniformes chega a compensar a fraca vilã Midnight (Jennifer Cheon Garcia), que apesar de perigosa o bastante para ser trancafiada na zona fantasma, é despachada com facilidade pelos heróis.
No primeiro grande confronto da noite, Kara finalmente se abre e conta a Lena sobre sua identidade secreta, pedindo perdão pela desonestidade e pelo tempo que o segredo foi guardado. A irmã de Lex Luthor, aparentemente, aceita as desculpas e, em lágrimas incentiva a protagonista antes da batalha contra Midnight.
Na CatCo, James avisa Andrea que não pretende seguir na empresa e pede demissão - preparando assim o terreno para a saída de Brooks da série, já que o ator pretende focar em sua carreira no cinema. Já na casa de J’onn, descobrimos que o tiranossauro enfrentado por Kara mais cedo era, na verdade, irmão perdido do marciano, que nem sabia de sua existência. O Caçador até tenta enfrentar o invasor, mas, por um motivo desconhecido, ambos acabam desacordados sem nem ao menos se tocar.
Nos minutos finais, Supergirl e Lena têm uma nova conversa, com Kara entregando um comunicador da equipe para a empresária e prometendo que as duas não terão mais segredos. Na primeira reviravolta da temporada, a Luthor caçula espera pela saída da heroína para, em conversa com sua inteligência artificial assistente, afirmar que não pretende perdoar Kara, mas se vingar dela.
A última cena do episódio mostra Eve Teschmacher (Andrea Brooks) sendo raptada por um personagem desconhecido, provavelmente ligado ao grande vilão da temporada, Leviathan.
Sem o otimismo comum de Supergirl, a série retorna com um episódio relativamente vazio, preocupado mais em amarrar pontas soltas da quarta temporada – como o Pulitzer de Kara ou Lena descobrindo a identidade da kryptoniana - do que iniciar sua própria trama. Com o desenvolvimento nos próximos episódios e um maior aprofundamento nas verdadeiras intenções de Lena e Andrea, a série talvez possa entregar algo memorável.