Rocketman/Paramount Pictures/Reprodução

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Rocketman usa estrutura de musical para abordar os altos e baixos de Elton John

Filme tem estreia marcada para maio

16.04.2019, às 11H58.

As músicas do Elton John não serão apenas elementos para a ambientação de Rocketman, cinebiografia do cantor que chega aos cinemas em maio. Com base nos 15 minutos exibidos para a imprensa na última quinta-feira (11), pode-se notar que o diretor Dexter Fletcher pega emprestada a estrutura de musical para narrar a ascensão do artista e os consequentes problemas da sua vida de excessos no que promete ser uma obra biográfica menos quadradinha do que é habitual.

Como era de se esperar de uma produção sobre o músico, há algo de brega nessa narrativa e esse efeito não vem só dos figurinos extravagantes, que se tornaram sua marca registrada. Fletcher faz realmente uma escolha de abordar a vida do personagem a partir de uma perspectiva fantástica e, ao que parece, não muito protocolar. Ao abrir seu primeiro show nos Estados Unidos com “Crocodile Rock”, o Elton John de Taron Egerton faz o público levitar e ele mesmo não consegue ficar com os dois pés no chão, tamanho o êxtase coletivo. A cena provavelmente não funcionaria em outro contexto, mas a cafonice acaba se mostrando bem-vinda aqui.

É interessante notar que, mesmo com o próprio artista atuando como produtor executivo do filme, Rocketman não parece se abster de mostrar os problemas na sua trajetória. Somente no material exibido pode-se ver seu abuso de álcool, as várias grosserias que diz para seu colaborador de longa data Bernie Taupin, interpretado pelo ator Jamie Bell, e seus momentos de criança mimada com seu empresário John Reid, vivido por Richard Madden. Isso não quer dizer que ele não tenha vetado alguns pontos na narrativa. Mas é positivo saber que, em alguma medida, a história que vai para o cinema não será completamente chapa branca, nem se acanhará de mostrar o que foi a vida deste ícone.

Embora o longa tenha ganhado manchetes por causa de uma cena dita polêmica, que retrata o relacionamento íntimo de Elton John e John Reid e o consumo de drogas, estes minutos de Rocketman não parecem controversos. Talvez, apenas mais ousados. Afinal, criar números musicais a partir de suas canções é mais interessante do que simplesmente usá-las como som ambiente.

Vale notar ainda que o material também deu pequenas prévias de momentos importantes na vida de Elton John. Confira a seguir alguns deles:

Menino prodígio

Rocketman/Paramount Pictures/Reprodução

Sua infância, ainda como Reginald Kenneth Dwight, foi abordada brevemente através da sua relação com sua professora de piano. Bastante novo, o menino ganha a oportunidade de tentar uma bolsa de estudos em uma renomada escola e vai fazer o teste sem ter preparado nada. A professora pede que ele toque alguma coisa para que entenda em que nível ele está, desdenhando das habilidades dele. O pequeno Reginald, então, apresenta justamente a música que ouviu a professora tocando quando entrou no cômodo: a “Marcha Turca”, de Mozart.

A cena está repleta de humor por causa da insolência dos dois personagens. O desdém da professora obviamente vira encantamento, mas Elton devolve a gentileza inicial com algumas tiradas divertidas e fica difícil não rir. É interessante notar também que o relacionamento dos dois cresce com o passar dos anos. Já na juventude do personagem, a mesma professora o critica por “desperdiçar” seu talento em bares sujos, mas seu aluno é teimoso demais.

Primeiras frustrações

Rocketman/Paramount Pictures/Reprodução

Nem só de glórias viveu Elton John. No início da sua parceria com Bernie Taupin, nenhuma música parecia agradar um representante da gravadora. Na cena em que encontram este homem, basta Taron Egerton começar a cantar e tocar uma música para que o representante boceje, vire o olho ou apenas desvalorize as letras e melodias. Mais do que revelar a frustração de John, o momento mostra como o ator está confortável na pele do artista, nas pequenas e grandes performances das músicas.

Concepção de “Your Song”

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“Your Song”, uma das músicas mais emblemáticas de Elton John, foi também uma das mais rápidas que compôs. Na cena, assim que recebe a letra das mãos do intérprete de Taupin, Taron Egerton começa a tocar o piano, como se a melodia simplesmente tivesse surgido na sua cabeça. A versão é singela, mas muito bonita, como a própria canção. 

Parceria com Taupin

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Elton John e Bernie Taupin produziram juntos uma dezena de álbuns e, claro, nem todos os momentos dessa parceria foram felizes. O filme parece retratar justamente alguns desses altos e baixos da amizade. Enquanto Taupin vibra com o sucesso do amigo no seu primeiro show nos Estados Unidos, também se preocupa com os excessos dele. No entanto, nem sempre Elton recebeu bem os conselhos do letrista. Em determinada cena, o músico é grosseiro com o colaborador antes de subir ao palco, mas imediatamente se arrepende e volta para pedir desculpas.

Quando Elton John começa a se exceder e piorar de verdade, há uma ruptura entre os dois. Em uma bela cena, o ator Jamie Bell se despede do velho amigo cantando “Goodbye Yellow Brick Road”, alertando-o dos riscos que ele está correndo ao seguir com esse estilo de vida. Porém, novamente, a arrogância do personagem de Egerton é mais forte.

Vida de excessos

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Excesso de álcool e compras, arrogância e uma estagnação na carreira fizeram com que Elton John se isolasse, ficando longe daqueles que se importavam com ele. O material exibido mostra um compilado dos momentos que o levaram para esse extremo, como festas e uma ligação da sua mãe sobre seu comportamento. Mas talvez o mais simbólico seja a briga com John Reid. Mesmo depois do seu relacionamento amoroso, os dois continuaram trabalhando juntos. Em uma das cenas, quando o protagonista e Reid estão cobrando resultados um do outro, o personagem de Richard Madden diz: "vou continuar recebendo meus 20% muito depois de você ter se matado". Uma frase forte que certamente causa impacto.