Poder Sem Limites (Chronicle), novo filme em estilo documental, estreia esta semana. Para a divulgação do filme nosso correspondente em Los Angeles, Tommy Cook do site Collider, entrevista o elenco principal e o diretor do filme, Josh Trank.
Tank estreia no cinema depois depois de sua participação na série de TV The Kill Point. O diretor falou sobre a pesquisa que fez para evitar que o filme caísse em um clichê, trabalhar com a câmera como um personagem, a filosofia por trás do roteiro e sua possível presença na sequência de Quarteto Fantástico.
Existem muitos filmes de "filmagem encontrada". Mas o que eu gosto nesse filme é que parece um meta comentário sobre este tipo de filme. Quanta preparação teve em pesquisar filmes desse gênero e filmes de super-herói, para tentar fazer algo diferente?
Muita. Quero dizer, este filme teve muitas influências para fazer cada uma das cenas. Porque os longas de filmagem encontrada... ganharam uma exposição ao mainstream nos últimos dez anos. O público passou a aceitar e esperar certas coisas deles. Então temos a possibilidade de usar isso para nosso benefício nas várias maneiras que expandimos o estilo de filmagem encontrada. Um dos estigmas desse tipo de filme é que eles são muito tremidos com um cara ansioso segurando a câmera e coisas horrorosas ou extraordinárias acontecendo na sua frente sem nenhum tipo de base de personagem. Queríamos começar esse filme como se fosse uma imitação. Como se estivéssemos assistindo esse documentário pessoal onde esse moleque tem problemas acontecendo em casa e esse é seu jeito de reagir, criando uma barreira entre ele e o mundo real. E depois de 15 minutos de filme acontece essa mudança inesperada. E o estilo desse filme se desenvolve com a telecinese, a experiência que eles estão passando. Uma grande influência para mim foi "O Homem Urso", de Werner Herzog. E algo que sempre me chama a atenção é quando Werner diz que esse cara é um cineasta. Sabe? Ele não tem consciência disso, mas se você ver suas imagens e o jeito que ele filma seu mundo... Todo mundo tem um amigo que consegue segurar firme uma câmera. No meio dos fotógrafos amadores sempre tem um que é muito visual. Fazendo deste o nosso personagem principal fomos capazes de fazer o filme não só mais acessível mas também colocar um pouco mais de cérebro em cada cena porque esse é um moleque que tem mais consciência do fato de que ele está filmando.
Eu queria perguntar sobre a câmera. Nos projetos de filmagem encontrada isso não é levado a sério mas nesse filme a câmera meio que tem seu próprio arco. Começa com uma câmera, depois duas e depois... sem estragar o final, mas tem uma cacofonia de filmagens encontradas. Como foi criar o arco de um objeto inanimado?
Nós desenhamos. Eu estava muito obcecado com isso. Acho que eu fui um pouco chato no set, tentando controlar a situação, mas... Eu cito de novo Timothy Treadwell. Ele filmou por 10 anos com os ursos-pardos e o Werner só nos mostrou os últimos 3 anos dessas imagens. Não sabemos como foram os primeiros 7 anos. O começo do filme começa mais tremido e solto e ao que o filme progride e ele fica mais confortável com sua câmera existe mais controle na experiência que estamos vendo. Quando ele começa a controlar a câmera através da telecinese é como se tivesse ligada ao seu cérebro. Então tem essa... Tem esse "cinema" que atrai o público e espero que seja uma experiência interessante para as pessoas assistirem.
A filosofia tem uma participação importante nesse filme. Impossível não notar o monólogo de abertura do Matt em que ele diz que nada importa, que só o indivíduo importa. Mas gradualmente ele abandona essa filosofia. O Andrew toma esse lugar e torna-se um superego nietzschiano.
Sim.
Um Super-Homem.
Aliás, ninguém falou disso.
Este é um filme que ignora ou renuncia esta filosofia existencialista, niilista?
Sabe, o Matt é um cara com quem muitas pessoas podem se relacionar. Acho que eu era assim no colegial. Um pseudo-intelectual, você sente que sabe tudo porque você é inteligente, lê muita filosofia e as coisas fazem sentido, você consegue relacionar com coisas da vida real. Mas quando você começa a viver a vida real, ganha cicatrizes você percebe que toda esta filosofia que você lê pode não se aplicar, ou não vale a pena citar, para agir como adulto na vida em geral.
A teoria, na prática é outra.
Exatamente. Então assim que o Matt começa a ter essas experiências com os dois amigos e eles adquirem essa habilidade meio que de Deus ele consegue abandonar essas... noções pré-concebidas do universo e do mundo. Ele para de falar nisso. Ele ainda está vivendo uma existência muito filosófica. Mas sem tocar no assunto. Ele age na filosofia ao invés de falar nela. O Andrew não tem nenhum motivo para se relacionar com a filosofia, enxergar como um todo porque sua vida é muito isolada. Quando ele começa a expandir essas coisas fazem mais sentido para ele.
Bem rápido. Você pode dar alguma novidade sobre "Quarteto Fantástico" ou qualquer outro rumor em volta disso?
Sinceramente, eu sei tanto quanto vocês. Eu não faço ideia do que está acontecendo. Eu só estou escrevendo algumas coisas originais e vou ver o que eu consigo desenvolver.
Fora do gênero "filmagem encontrada" ou...?
Sim, eu quero fazer vários filmes diferentes.
Certo, legal. Muito obrigado.
Obrigado.
Poder Sem Limites (Chronicle) é um filme de super-heróis filmado no estilo documental de Cloverfield e Atividade Paranormal.
Na trama, três adolescentes são expostos a uma misteriosa substância e começam a desenvolver poderes, que eles usam por diversão em pequenas brincadeiras, até que a situação começa a fugir do controle.
Poder Sem Limites tem roteiro escrito por Max Landis, filho do diretor John Landis (Clube Dos Cafajestes, Um Lobisomem Americano em Londres). A direção fica por conta de Josh Trank, que estreia no cinema depois de trabalhar na série de TV The Kill Point.
Michael B. Jordan, Michael Kelly, Dane DeHaan, Luke Tyler, Alex Russell, Anna Wood e Ashley Hinshaw estão no elenco. A estreia no Brasil acontece dia 2 de março.
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