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Festival de Berlim | Chanchada em forma de bang-bang, Damsel abre debate sobre feminismo

Mia Wasikowska vira heroína do empoderamento no evento

16.02.2018, às 11H39.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Terreno historicamente dominado por signos de masculinidade, o cinema de faroeste não está imune às discussões acerca do empoderamento feminino: o filão foi desbravado por uma heroína avessa a machismos no Festival de Berlim, durante a projeção do divertido Damsel.

Strophic Productions Limited/Divulgação

Numa atuação abusada, que evoca Jane Fonda no cult Cat Ballou - Dívida de Sangue (1965), Mia Wasikowska faz de sua personagem, Penelope, uma heroína pós-moderna, avessa às convenções dos homens, neste Oeste com tintas de chanchada retratado pelos irmãos David e Nathan Zellner. Ela é o fetiche do aventureiro Samuel Alabaster, vivido por um Robert Pattinson disposto a fazer troça de sua própria imagem de galã.

"Gostei de encontrar uma personagem que segue sua própria vontade sem se limitar a satisfazer as projeções de um homem", disse Mia, numa coletiva de imprensa marcada por bem-humoradas discussões sobre representações feministas. "Eu tento sempre que posso dar espaço para o cinema independente nas minhas escolhas e aprender com experiências nas quais posso me conectar com pessoas dispostas a mudar o cinema".

Apostando mais no riso do que em trocas de tiros, os irmãos Zellner jogam o foco de Damsel sobre o empoderamento de Penelope, em sua luta para confrontar os anseios casamenteiros de um mundo de vaqueiros. "Somos fãs de faroestes desde crianças e o gênero costuma reduzir as figuras femininas a esboços. Queríamos dar a ela uma dimensão de vontade", disse David Zellner. "Trouxemos Adam Stone, o fotógrafo de Jeff Nichols, para mudar o visual do western".