Bruna Linzmeyer no Festival de Cannes 2024 (Divulgação)

Filmes

Entrevista

Bruna Linzmeyer comemora 3ª vez em Cannes: “Nunca achei que viria para cá”

Atriz também celebrou oportunidade de representar um “lar sapatão” no filme Baby

22.05.2024, às 16H22.

Bruna Linzmeyer já é quase uma cidadã honorária da França. O Omelete se encontrou com a atriz no Festival de Cannes 2024 para falar de Baby, filme brasileiro exibido na Semana da Crítica, mostra paralela do evento - e ela celebrou o fato de que esta é sua terceira passagem por Cannes, após O Grande Circo Místico (2018) e Medusa (2021) também terem estreias no festival.

Estou muito emocionada de estar aqui. Nunca achei que ia vir, mas já é minha terceira vez!”, comentou. “E tenho muito carinho por esse filme, pelo Marcelo [Caetano, diretor e roteirista de Baby]. Nos conhecemos nos festivais da vida, fizemos a série Notícias Populares juntos, e já foi uma experiência muito legal. Essa personagem, inicialmente, não tinha nada a ver com o meu perfil, mas o Marcelo disse que queria trabalhar comigo de novo, que mudaria algumas coisas para me encaixar”.

Linzmeyer aparece no onga como Jana, uma cabeleireira que acolhe os protagonistas Baby (João Pedro Mariano) e Ronaldo (Ricardo Teodoro) na casa que divide com a esposa, Priscila (Ana Flavia Cavalcanti) - por sua vez, ex-mulher de Ronaldo e mãe do filho dele. Ela é, portanto, parte de uma das muitas “famílias contemporâneas”, ou “famílias escolhidas”, que compõem os núcleos dramáticos de Baby.

Essa é uma experiência que muitas pessoas encontram durante a vida, mas que é emblemática da comunidade LGBTQIAP+, né?”, comentou a atriz. “Pessoas que nem sempre encontram respeito e aconchego nas famílias que as criaram, e que portanto encontraram isso em outras família ao longo da vida. Eu acho muito bonito que seja nessa casa sapatão, da Jana e da Priscila, que os protagonistas encontrem alegria, música, afeto, a possibilidade de sonhar, de comemorar”.

O diretor Marcelo Caetano assinou embaixo, em sua própria conversa com o Omelete: “Para muita gente, e não é só as pessoas LGBTQIAP+, o momento de romper com os núcleos familiares e seguir seu caminho é muito marcante, muito definidor de quem você é. E, apesar de muito traumática essa separação da família, é também revigorante você sentir que pode escolher seus novos lares. Não que eles sejam melhores que sua família de sangue, necessariamente, mas é um processo que permite um recomeço, um acolhimento que te mostra que você pode pertencer a outro lugar”.

Nesse momento em que discutimos de forma muito conservadora o conceito de família, é politicamente muito importante falar que família é mais amplo, não é só família biológica”, completou o cineasta. “Família é ligação, defesa, proteção... e também uma unidade econômica! Com quem você mora, com quem divide as contas, o corre de ter comida dentro de casa. Tem tudo isso dentro do filme”.

O Festival de Cannes 2024 acontece entre 14 e 25 de maio, exibindo filmes aguardados como Furiosa: Uma Saga Mad Max e Megalopolis, de Francis Ford Coppola, entre muitos outros. Fique de olho no Omelete para a cobertura completa.