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Festival de Cannes | "Precisamos de mais diretoras em eventos como Cannes", diz Marion Cotillard

Numa bem-humorada entrevista, atriz revela seu encanto por Sylvester Stallone

14.05.2018, às 09H07.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Em cartaz no Brasil com Os Fantasmas de Ismael, que abriu o Festival de Cannes de 2017, a atriz ganhadora de Oscar Marion Cotillard, laureada em Hollywood há dez anos por Piaf – Um Hino ao Amor, volta ao balneário este ano com uma dupla missão: defender uma pequena produção escalada para a mostra Um Certain Regard, o drama Angel Face, e para engrossar o coro da sororidade contra o assédio no cinema. 

Moana Films/Divulgação

"Eu nem vou tocar no assunto da igualdade salarial entre homens e mulheres, pois essa disparidade é algo medieval, que já deveria ter acabado há tempos, mas preciso levantar a questão do equilíbrio entre gêneros no cinema. Precisamos de mais diretoras em eventos como Cannes. Os filmes de gênero precisam representar as mulheres fora de estereótipos", disse Marion, que foi dirigida por Vanessa Filho (francesa de origem ibérica) em Angel Face. “Eu não cheguei a sofrer assédio, mas eu vejo o que se passa nas entrelinhas”.

No filme de Vanessa, ela vive uma boêmia obrigada a se endireitar em sua rotina de excessos para cuidar de sua filha. "É uma personagem que não sabe se amar, que não se aceita", disse a atriz pouco antes de prestigiar seu marido, o ator e cineasta Guillaume Canet, na estreia da comédia Le Grand Bain, na qual ele é um dos protagonistas.

O casal está filmando agora Nous Finirons Ensemble, no qual ele assina a direção. "Eu faço cinema hoje com a mesma curiosidade pela alma humana que tinha nos tempos de Piaf. O tempo passou, aprendi algumas coisas, mas há muito a aprender", disse a atriz, que esbanjou simpatia no papo com a imprensa, sobretudo ao posar para uma foto para um celular cuja capinha de proteção trazia uma imagem de Rambo. "Stallone é incrível. Sou fã dele e de Rocky, mas nunca trabalhamos juntos. O filme Rocky Balboa acaba comigo: que lindo é".    

No domingo, Cannes recebeu da Itália um dos três filmes dirigidos por mulheres na disputa pela Palma de Ouro: Lazzaro Felice, de Alice Rohrwacher. Além dele, há Les Filles du Soleil, de francesa Eva Husson (exibido com elogios) e Capharnaüm, da libanesa Nadine Labaki, que só passa na sexta. Alice foi laureada com o Grande Prêmio do Júri de 2014 por As Maravilhas, sobre o povo etrusco. Agora, ao falar de uma paupérrima aldeia de planteio de fumo, ela erra ao pesar a mão na antropologia, tratando a pobreza com exotismo.