Richard Linklater tem alguns filmes adorados como a trilogia Antes do Amanhecer, Antes do Pôr-do-Sol e Antes da Meia-Noite, Escola do Rock e Boyhood – Da Infância à Juventude. Hit Man, exibido fora de competição no 80º Festival de Veneza, é candidato a se tornar mais um deles.
O filme chegou em boa hora no festival, quando todo o mundo precisa daquele empurrãozinho para a reta final – e para assistir à paulada que é Green Border, de Agnieszka Holland, sobre a crise de refugiados na fronteira entre Polônia e Bielorrússia.
É uma comédia sexy e acelerada com toques de filme noir e romance baseada em uma história real. No filme, Glen Powell (Top Gun: Maverick) é Gary Johnson, professor sem graça de filosofia e psicologia. Como bico, ele cuida das escutas telefônicas da polícia de Nova Orleans. Em um dos programas, um falso assassino de aluguel tenta levar as pessoas a confirmarem sua intenção de contratar um matador para dar cabo de alguém, configurando crime.
Um dia, o falso matador oficial está afastado, e Gary precisa substituí-lo. Para surpresa de todos, incluindo dele mesmo, Gary é perfeito para o papel – ou papéis, já que ele costuma adequar seu disfarce ao contratante. Tem um que parece saído de um filme de Wes Anderson, por exemplo.
Até o dia em que Gary, passando-se por Ron, conhece Madison (Adria Arjona, de Andor). Ele tem compaixão pela moça – e talvez uma quedinha. E resolve salvá-la de cometer um crime contratando alguém para matar seu marido.
E aí, claro, as coisas se complicam. À medida que Gary se disfarça, ele vai descobrindo sua verdadeira identidade, quem ele realmente quer ser.
O papel é o sonho de qualquer ator, e Glen Powell, que originou o projeto em parceria com Richard Linklater e tem crédito de roteirista também, aproveita sua chance. O ator mostra que é mais do que um coadjuvante e tem carisma e talento para ser protagonista.