Dono de um Urso de Prata, conquistado em parceria com o cineasta Ruy Guerra pela codireção do drama social A Queda (1978), o ator Nelson Xavier desfruta há décadas de uma elogiada reputação internacional, sendo encarado como um dos mais talentosos intérpretes nacionais. Aos 75 anos, ele mostra que nunca é hora de parar de surpreender ao estrelar um thriller de ação, digno dos filmes de Charles Bronson, na pele de um matador de aluguel aposentado à sua revelia.
Filmado em Anápolis (GO), Comeback, do goiano Erico Rassi, foi exibido no domingo na Première Brasil do Festival do Rio, trazendo uma narrativa diferente do que o evento - uma vitrine de autoralides - está acostumado a ver. Um clima de faroeste contemporâneo, à la Onde Os Fracos Não Têm Vez (2007) embala a produção, que traz Amparo, o personagem de Xavier, de arma na mão, fazendo jus a seu passado de serviços prestados à Morte.
"Temos um protagonista que está numa idade na qual se perdem todas as ilusões. E, a partir dele, eu tento retratar uma periferia ainda pouco explorada pelo nosso cinema", diz Rassi, que construiu uma narrativa envolvente (embora com muitas derrapadas de roteiro) sobre a tentativa de Amparo de provar sua força num ambiente dominado por máquinas caça-niqueis.
Em tons esmaecidos, meio amarronzados, a fotografia de André Carvalheira imprime na tela um ar de western, condizente com as ações de Amparo. A atuação de Nelson é forte candidata a prêmios. Igualmente possante foi a interpretação de Karine Teles (a Dona Bárbara de Que Horas Ela Volta?) no segundo longa de ficção nacional exibido pela Première no domingo: a love story carioca Fala Comigo. Na trama, Diogo (a revelação Tom Karabachian), um adolescente de 17 anos, tem como fetiche passar trotes para as pacientes do consultório de psicanálise de sua mãe, Clarice (Denise Fraga). Mas ele acaba se envolvendo afetivamente com uma delas, Ângela (Karina), de 43 anos, com quem viverá uma polêmica paixão.
Nesta segunda, a Première acolhe um de seus filmes mais esperados: o documentário baiano sobre boxe A Luta do Século. Entre os filmes estrangeiros do Festival do Rio 2016, os títulos de melhor boca a boca até agora foram Capitão Fantástico, com Viggo Mortensen na pele de um maluco-beleza que cria os filhos alheio à tecnologia, e o documentário De Palma, de Jake Paltrow e Noah Baumbach, sobre o mítico diretor de Carrie, A Estranha (1976).
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