Termina neste domingo, com a entrega do Troféu Redentor, a 18º edição do Festival do Rio, que guardou para seus momentos finais um esperado longa-metragem nacional, o documentário Pitanga, a volta do diretor Beto Brant após um hiato de cinco anos.
Em parceria com a atriz Camila Pitanga, com quem Brant fez sua longa mais recente de ficção, o drama Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios, o cineasta paulista fala sobre um mito da atuação e da política do Brasil nos palcos e nos cinemas: Antonio Pitanga, pai de sua codiretora. O documentário rastreia o percurso estético e afetivo de seu biografado, desde suas experiências iniciais frente às câmeras, em cults como Barravento (1961), de Glauber Rocha, ou Ganga Zumba (1964), de Cacá Diegues.
"Dirigir este filme, que consumiu uns dois anos de montagem, permitiu que eu fizesse uma revisão da história do cinema brasileiro, que tem o Pitanga em seus momentos mais luminosos", diz Brant. "Houve nesse filme um esquema familiar duplo, pois assim como a Camila trabalhava com as imagens de seu pai, eu trabalhei com a ajuda de meu filho, Matheus, que foi meu assistente de direção."
No filme, nomes como Gilberto Gil, Martinho da Vila, Neville d'Almeida, Maria Creuza, Zé Celso Martinez Corrêa, Lázaro Ramos, Jards Macalé e Ney Latorraca cruzam a vida de Pitanga. A partir do contato com eles, a figura de Antonio Pitanga se amplifica, e o filme mostra o quanto o ator continua fazendo diferença a partir da militância social que lidera até hoje.
"Não é um filme de entrevistas, como se dá em geral no documentário, e sim um filme de encontros, onde as pessoas não falam do Pitanga e, sim, falam com Pitanga, numa conversa", explica o diretor, que celebra no ano que vem os 20 anos de seu primeiro longa-metragem, Os Matadores (1997). "Em breve, eu volto à ficção", completa Brant.
Pitanga terá mais uma sessão no Festival do Rio neste domingo, às 21h15, no Reserva Cultural Niterói, e entra em circuito no dia 6 de abril de 2017.