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Festival do Rio | Reflexão sobre o racismo, Açúcar é o filme mais aplaudido da Première Brasil

Longa pernambucano, em concurso no evento, põe Maeve Jinkins em cenas tórridas

10.10.2017, às 08H07.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Pontuado por um clima de erotismo áspero, com direito a uma canção de Agepê e à cena de masturbação feminina mais inusitada do cinema nacional, o filme pernambucano Açúcar foi o mais aplaudido de todos os concorrentes ao troféu Redentor de melhor longa-metragem de ficção do Festival do Rio. O casal de diretores Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira assina a direção deste drama político que expõe e ataca o racismo no país a partir de um olhar sobre o decadentismo da aristocracia rural no país. Quem encarna a nobreza falida do Nordeste é Maeve Jinkins, em atuação arrebatadora na pele da herdeira de um engenho de cana.

"O Brasil foi colonizado pela escravidão e isso se mostra num mergulho na cosmogonia afrobrasileira", diz Oliveira.

Maeve é Maria Betânia Wanderley, dona de um império agrícola em vias de desaparição. Seu choque é ver que um centro cultural negro ao redor de suas posses prospera mais do que os negócios dela. A chegada de uma aristocrata ainda mais racista, vivida por Magali Biff, vai acirrar ainda mais os ânimos nos conflitos fundiários. Magali é a mais cotada ao prêmio de atriz coajuvante.

Nesta terça, a pedida do Festival do Rio vem da França: é Jeanette: A Infância de Joana D'Arc, com sessão às 20h no Museu da República. Nele, Bruno Dumont revive os feitos da mártir francesa em um tom de musical, carregado de tintas pop. Às 21h45, a atração brasileira em concurso é o thriller de horror Animal Cordial, com Murilo Benício

Domingo termina a maratona cinéfila do Rio, com a entrega de prêmios a longas nacionais e a projeção de filmes estrangeiros com aura de cult. Uma das exibições mais aguardadas do último dia é a sessão de Last Flag Flying, às 21h30, no Estão Net Botafogo. Trata-se do novo trabalho de Richard Linklater (Boyhood), com Bryan Cranston, Laurence Fishburne e Steve Carell num road movie sobre os absurdos do militarismo dos EUA.