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A Duquesa - Mostra SP 2008

Mais um filme de época estrelado por Keira Knightley

05.11.2008, às 12H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H41
Bonita. Cheia de energia. Extremamente carismática. Um guarda-roupa de dar inveja a qualquer plebéia. Porém, perdida em um meio ao qual não pertencia. Essa lista poderia ir além, mas os paralelos entre Georgiana Cavendish (1757-1806), a Duquesa de Devonshire, e Diana, Princesa de Gales (1961-1997), são fáceis e óbvios demais, até porque as duas possuem um parentesco - ambas nasceram Spencer - que já rendeu inúmeros artigos e foi até mesmo utilizado no trailer de A Duquesa

A Duquesa

A Duquesa

( The Duchess , 2008). Por isso, talvez seja mais interessante compará-la à
Maria Antonieta , pelo menos à versão festeira e pop retratada por Sofia Coppola no filme estrelado por Kirsten Dunst .

As duas se casaram muito jovens. E por conveniência, como era praxe na época. Nos bailes, eram as atrações principais com vestidos lindos e perucas enormes. E ambas sofreram até conseguir dar aos seus maridos herdeiros homens. Dizer que no cinema, elas foram interpretadas por atrizes símbolos da nova geração, Kirsten Dunst no continente e Keira Knightley do outro lado do Canal da Mancha, é o golpe de misericórdia.

O diretor Saul Dibb, porém, não é ousado como a filha de Francis Ford e faz o seu longa-metragem de forma mais tradicional. Foca a história no jeito menina de Georgiana, que até se empolga com o casamento arranjado pela família, formalizado um dia antes do seu 17º aniversário. O que ela não esperava era ter pela frente um marido com quem não conseguiria se relacionar, nem muito menos ser feliz para sempre.

E nesse ponto Ralph Fiennes merece toda a atenção que tem ganhado pela sua interpretação do Duque. Pena que o personagem tenha ficado tão em segundo plano, ofuscado pelo brilho da Duquesa e sua necessidade de chamar atenção. Os acessos de fúria do Duque só não são mais marcantes do que o total desprezo com que ele trata sua esposa, algo que poderia ser intensificado caso o cineasta não tivesse decidido apenas citar, e não explorar mais a fundo, os abortos sofridos e mostrar que sua prole se resumia às filhas que nasciam. Falta à história mais drama. Faltou aprofundar os aspectos psicológicos que levaram a Duquesa a aceitar um dos mais bem conhecidos triângulos amorosos da alta sociedade britânica.

Fazem falta mais fatos como estes, todos presentes no livro escrito por Amanda Foreman e que serviu de base para o longa. Tirando uma cena em que a Duquesa se retira para o campo acompanhada de sua amiga Bess, o filme passa mais tempo mostrando os enfadonhos bastidores da política e nobreza daquela época do que o que ela realmente pensava ou fazia. Assim, o resultado final acaba neutro demais, apenas mais um filme de época estrelado por Keira Knightley. Não que isso seja algo negativo, mas ela já provou que além de um rostinho bonito precisa da ajuda de uma boa história e um bom diretor.