A Fox Films do Brasil não realizou a exibição para a imprensa, alegando "problemas com a cópia", que não estaria pronta a tempo. Coincidência fortuita ou não, o longa teve péssimo desempenho nas bilheterias no exterior e críticas piores ainda, como esta abaixo, fornecida ao Omelete pelos nossos parceiros do Collider. Confira!
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Eu não consigo imaginar ninguém no planeta que tenha recebido um presente de Natal maior do que Paul W.S. Anderson. Mesmo que seu desgastado nome não tenha sido resgatado do inferno por onde anda a sua reputação de cineasta, ele agora pode relaxar sabendo que não é mais o pior diretor que já fez um filme sobre Aliens e Predadores.
Quando um híbrido de Alien e Predador detona sua espaçonave em uma pequena cidade do Colorado, logo começa uma série de mortes que chama a atenção do mundo dos Predadores. Um dos seus melhores caçadores é enviado à Terra atrás de Aliens, e segue os monstrengos até a comunidade, onde eles estão fazendo seu trabalho de sempre, dilacerando os locais e soltando Facehuggers para aumentar a sua população. Quando um grupo de sobreviventes se une para buscar segurança, eles descobrem que não terão apenas que escapar da infestação extraterreste, mas também do seu próprio governo, que quer levar os contaminados para estudo.
Perturba a mente ver quão tosco é Alien Vs. Predador 2 (Alien Vs Predator: Requiem, 2007). O mapa que indicava o caminho para a qualidade tinha sido descartado por Anderson no seu paupérrimo trabalho de 2004, quando criou a franquia AVP, e qualquer cineasta com meio cérebro poderia, sem muito esforço, criar algo que restaurasse o mínimo da ferocidade que marcou os filmes das séries Alien e Predador pelas últimas três décadas. Em vez disso, nós somos apresentados aos estreantes Colin e Greg Strause (vendidos como "Os Irmãos Strause"), dois lacaios quaisquer dos efeitos especiais que tornaram esta seqüência em algo vil, triste, nublado, idiota, amador, desrespeitoso, dormente, desintencionalmente hilário e inteiramente doentio.
Eu critiquei a direção cartunesca para a qual Anderson levou os monstros. Afinal, reimaginar os Predadores como os quadrados jogadores de futebol americano e ambientar sua ação em uma série de cenários baratos não foi exatamente um convite para ver uma ingenuidade cinéfila. De qualquer forma, Anderson é Orson Welles comparado aos Irmãos Strause, que aparentemente filmaram sem a menor idéia do que estavam fazendo, tateando às cegas através do roteiro em busca das formas mais nojentas de fazer corpos sangrarem e explorar este tipo de marketing. Os dois não fazem idéia do que é dirigir atores, coordenar ação, explorar efeitos visuais ou contar uma história. Sua função é, em primeiro plano, extrapolar os limites e, de alguma forma, puxar 80 minutos de tripas para que a 20th Century Fox consiga transformar em ingressos o dinheiro que os fanboys ganharam no Natal.
Por mais gargalhadas que os Irmãos Strause mereçam, há vários outros componentes problemáticos em AVP2, a começar pela fotografia de Daniel Pearl, que prefere iluminar seus quadros com todo o poder de uma vela de aniversário. O público tem, assim, que se esforçar para tentar decifrar o que está acontecendo na tela, imaginando as "expressões" dos atores e uma ação que acontece no breu total. É inútil tentar entender o que os Aliens e Predadores estão fazendo em qualquer momento do filme. Podem me chamar de chato, mas eu realmente gosto de ver o filme, em vez de ficar apenas sentado em frente a uma tela preta escutando uma cansativa sinfonia de sons estridentes. Depois de filmar Captivity e Desbravadores este ano com os mesmos resultados (ou falta deles), Daniel Pearl deveria pedir pra sair.
O roteiro de Shane Salerno é outra arma mortal de AVP2, colocando uma guerra interestelar no meio de um episódio do seriado Galera do Barulho (Saved by the Bell) já que um dos nossos "heróis" lida com um grupo de insosos fortões e colegiais. O script é uma colcha de retalhos recheada de clichês, que tem cada um dos seres humanos marcados para serem consumidos pelos monstros. Não ajuda em nada ter atores de quinta categoria correndo pelo filme, mas isso não é desculpa para a estupidez do roteiro. Ah, e Salerno não usa apenas adultos como iscas, mas também crianças, grávidas no leito do hospital e até mesmo alguns recém-nascidos, tudo para satisfazer seu coração negro.
Minha ira chega ao ápice na conclusão, que é mais desrespeitosa, cínica e fraca do que qualquer coisa que chegou ao cinema no último ano; um enorme dedo médio erguido àqueles que pagaram para ver o filme.