Começo este texto fazendo um mea culpa. Em janeiro disse que alguém precisava dizer a Hollywood que já tínhamos visto o suficiente de filmes de fantasia adaptados de livros e estrelados por crianças escolhidas para salvar o universo. O desabafo acima era a voz da minha fúria falando mais alto do que a razão depois de ver mais um subproduto indo das livrarias para os cinemas, no caso Os Seis Signos do Anel.
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Por que a minha mudança de atitude? A "culpa" é de As Crônicas de Spiderwick (The Spiderwick Chronicles, 2008), uma aventura de fantasia infanto-juvenil diferente, que não apela para aquele papinho de "O Escolhido" e tem tudo para agradar aos pais e filhos que forem juntos ao cinema. O projeto nasceu da série de livros escrita por Tony DeTerlizzi e Holly Black e foi adaptada pelos roteiristas Karey Kirkpatrick, David Berenbaum e John Sayles sob supervisão do diretor Mark Waters.
A escolha do diretor, que pode ser surpreendente à primeira vista faz bastante sentido. Antes de Spiderwick, Waters tinha feito Sexta-Feira Muito Louca, Meninas Malvadas e E Se Fosse Verdade. São filmes adolescente, sem o teor fantástico deste projeto, mas que focam outro ponto diferencial: o relacionamento humano. Quando conhecemos a família Grace, a mãe (Mary-Louise Parker) e seus três filhos estão se mudando de Nova York para uma casa no meio do nada. O motivo é a separação dos pais, um óbvio barril de pólvora estacionado ao lado do pavio curto de Jared (Freddie Highmore), o gêmeo pacifista Simon (Freddie Highmore em outra roupa e penteado) e a "mãezona" Mallory (Sarah Bolger).
O antigo morador do local era Arthur Spiderwick (David Strathairn), tio-avô das crianças e estudioso do mundo das fadas, trols, ninfas e outros seres que nem todos acreditam e conseguem ver. No meio de suas pesquisas, Spiderwick conseguiu descobrir mais segredos do que deveria e ao escrever sobre todos eles em seu Guia de Campo, acabou criando um objeto cobiçado por Mulgarath (Nick Nolte), o líder dos monstros, que quer acabar com tudo o que há de belo em nosso mundo. Afinal é isso que faz dele um monstro.
O resto é aventura, correria e batalhas contra os monstros, que aliás ficaram muito bem feitos. Ótimo trabalho do designer de produção James Bissel e dos magos da Industrial Light and Magic. Ainda prefiro A Ponte para Terabítia, por ser mais realista, mas As Crônicas de Spiderwick vai certamente fazer parte da lista de filmes que vou ter em casa para assistir com meus filhos.
Leia Entrevista com o diretor Mark Waters
Assista a clipes do filme