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Crítica

Sem personalidade, A Liga não escapa de ser mais um filme genérico da Netflix

Química de Mark Wahlberg e Halle Berry não salva nova aposta do serviço de streaming

22.08.2024, às 13H56.

Não é preciso mais do que cinco minutos para desvendar a trama de A Liga, novo filme original da Netflix. Mais do que os clichês que envolvem comédias de ação, a nova aposta do serviço de streaming segue à risca a cartilha de vários outros títulos do gênero disponíveis no catálogo da plataforma, tornando o humor e a química do casal protagonista vivido por Mark Wahlberg e Halle Berry as únicas qualidades do longa.

Tudo em A Liga parece genérico demais. Mark Wahlberg, que interpreta Mike, um tipo de empreiteiro caipira, entra no filme já sem camisa. Halle Berry, na pele da agente de inteligência veterana Roxanne, é introduzida vestindo um uniforme todo de couro no maior estilo Mulher-Gato. O protagonista, sem qualquer experiência de espionagem em combate, é recrutado por Roxanne, sua ex-namorada do colégio, para ajudar a recuperar um dispositivo que contém informações de todas as agências de contra-espionagem do mundo, dos funcionários às principais missões ultrassecretas.

A Liga, nome dado à agência de Roxanne, é mais uma organização secreta de filmes de ação que age por baixo dos panos e faz as missões que agentes da CIA e FBI não podem fazer - uma espécie Kingsman: Serviço Secreto norte-americano, franquia que, curiosamente, também conta com Halle Berry no elenco. O único diferencial é que a Liga recruta potenciais agentes no mundo “real”, ou seja, pessoas sem qualquer conhecimento ou experiência no mundo de espionagem, e por isso Mike surge como a pessoa ideal para a missão de resgate.

Apesar de todos os esforços do roteiro para convencer o espectador de que há algo de inteligente na trama, A Liga é incrivelmente simples de ser decifrado. De possíveis traições às reviravoltas mais clichês, o longa dirigido por Julian Farino sofre com sua falta de personalidade, onde a presença de um Mark Wahlberg como um inexperiente agente que precisa ser salvo pela veterana - e não o contrário - parece ser a única “novidade”.

Talvez o grande problema de A Liga seja a sua pretensão de ser um filme de ação que acredita ter algo a acrescentar, mas é oco por dentro. Com tantos elementos desinteressantes envolvendo a trama de espionagem, o longa funciona mais como uma comédia romântica, na qual Wahlberg e Berry se aproveitam da ótima química para explorar a dinâmica de ex-amantes cuja chama da paixão ameaça reacender o tempo todo.

O roteiro genérico de Joe Barton e David Guggenheim nos permite saber que nada em seu desenvolvimento deve ser levado muito a sério - como evidenciado em seus momentos mais cômicos, a exemplo das divertidas conversas telefônicas de Mike com sua mãe aparentemente onisciente e com mais informações sobre a vida pessoal do filho do que uma agência de espionagem.

No final, A Liga deixa um sentimento de que poderia ser algo melhor para o entretenimento de um domingo à tarde. Sua falta de personalidade, contudo, o coloca na pilha de mais um filme de ação genérico da Netflix.

Nota do Crítico
Regular