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A Saga Divergente - Convergente | Crítica

Fantasia juvenil se divide no final e ainda assim traz uma primeira parte com começo meio e fim

09.03.2016, às 17H35.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H36

A mania de dividir um final em duas partes veio com a pura e simples intenção de arrecadar mais dinheiro. Harry Potter fez isso, continuando algo que Matrix começou, e foi copiado por franquias como Jogos Vorazes e O Hobbit. Em nenhum dos casos a história da primeira parte se justificou, e aos olhos dos espectadores ficava clara a falta de conteúdo. Quase um filho pobre destas séries gigantes, A Saga Divergente consegue uma façanha que nenhum deles conseguiu: contar uma história com começo, meio e fim na primeira parte do encerramento.

Convergente cumpre a tarefa com um primeiro ato explicativo, onde situa os protagonistas do novo mundo que vem a frente. O futuro aqui vai até onde o orçamento modesto permite, recheado de cores e prédios cromados, que bem executados, não comprometem a ambientação do roteiro. A partir dali, uma teia de conspirações previsível se forma e Tris (Shailene Woodley) começa a seguir caminho que encerrará a história do apocalipse criado por Veronica Roth. Assim como os antecessores, o filme de Robert Schwantke peca pela falta de força no drama dos protagonistas, um casal sem química e senso urgência pela causa que lutam - algo que transforma o enredo em algo banal, roubando a força de qualquer discussão sugerida.

A trama mostra a continuação de uma guerra dentro de Chicago e a busca de Tris e Cia pelas respostas além do Muro. A primeira meia hora serve para recapitular tudo que aconteceu antes da maneira mais mastigada possível - se alguém não acompanhou a história até aqui não demorará para se inteirar dos acontecidos. E quando vai além dos limites da cidade, Convergente mostra alguma criatividade para driblar o pouco dinheiro da produção. As naves do Departamento são bem feitas, a interface de vigilância e até o deserto vermelho que circunda a cidade tem uma boa mistura de efeitos práticos e CGI.

Quando parte para a ação, porém, o filme mostra toda sua veia juvenil (e artificial) - das frases bobas de efeito até o barulho de brinquedo que cada uma das armas faz ao disparar um tiro. O segundo ato, onde os problemas da última parte da saga são apresentados, essa característica fica mais evidente. Tudo é mastigado e exposto em palavras nada sutis para que todo o sentido da luta de Tris fique claro. “Não separem as pessoas”, “não nos dividam em grupos” e outros chavões, óbvios na narrativa, são repetidos a exaustão sem necessidade.

Convergente tem boas intenções, mas falha na hora de entregar uma história mais contundente, com consequências e momentos dramáticos fortes. Ainda que tenha excelentes atores no elenco, nenhum deles consegue se impôr ou superar o didatismo do roteiro. Por outro lado, o filme entrega uma trama dividida de forma honesta, com um clímax bem construído e um desfecho que deixa ganchos, mas não abdica de terminar uma história - diferente de outras franquias irmãs.

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Nota do Crítico
Regular