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Crítica

A Última Ressaca do Ano | Crítica

Um misto de Se Beber, Não Case! com Silicon Valley bem a tempo do Natal

07.12.2016, às 17H35.
Atualizada em 15.02.2017, ÀS 16H38

Começa como uma sitcom de escritório a comédia A Última Ressaca do Ano (Office Christmas Party, 2016), não apenas por sua premissa - a filial de Chicago de uma companhia de tecnologia planeja a maior festa de fim de ano já feita, como parte de um plano para impedir um corte de funcionários - mas também pela forma como os personagens são apresentados, vários de uma vez, sem muita hierarquia, como se estivéssemos mesmo diante do elenco do novo The Office.

Uma das graças do filme dirigido por Will Speck e Josh Gordon é acompanhar como o roteiro, muito bem amarrado, resolve as várias subtramas que são acionadas nesse começo. Casal que estrelou o longa anterior da dupla, Coincidências do Amor, Jennifer Aniston e Jason Bateman são os nomes mais conhecidos de um elenco numeroso (até Jack Black faz uma pontinha, nas fotografias do fundador da empresa), que vai e vem, mesmo quando o espectador talvez já tratasse algumas subtramas como superadas e resolvidas (como o retorno do executivo no final).

E tome montagens cheias de música, câmera lenta e zoom-in da festa, para fazer a transição entre uma cena e outra, enquanto os protagonistas se encarregam de manter a trama em movimento. Falta ao filme colocar melhor esses protagonistas também no meio da espiral de destruição; fica parecendo às vezes que há dois filmes acontecendo ao mesmo tempo, aquele em que os coadjuvantes promovem o caos e, outro, aquele em que os personagens principais se encarregam de conduzir a história até o final.

No mais, A Última Ressaca do Ano é um combinado bastante previsível de Se Beber, Não Case! e Silicon Valley com aquelas comédias dos anos 1980 sobre a galera de colarinho azul que prova seu valor para não perder o emprego, a exemplo de Fábrica de Loucuras. Se no filme de 1986 o contexto era a crise na indústria de carros dos EUA, vitimada pelo crescimento das montadoras japonesas, agora temos - ainda - a indisposição dos americanos comuns com a insensibilidade do empresariado e dos endinheirados. Não levou nem dez anos: de sonho anarquista o movimento Occupy Wall Street acabou virando filme de Natal.

Nota do Crítico
Bom