Não é segredo pra ninguém a caça da Netflix por uma grande franquia de ação. Apesar de ter acertado em cheio com Resgate, estrelado por Chris Hemsworth, outros títulos como O Agente Oculto, Alerta Vermelho e Agente Stone, apesar de boa audiência, não tiveram a melhor recepção de público e crítica. Agora, chegou a vez da gigante do streaming tentar navegar por águas europeias para uma nova aposta: Ad Vitam.
O thriller de ação traz o astro francês Guillaume Canet, de Little White Lies e Asterix & Obelix, na pele de Franck, um agente aposentado que tem a casa assaltada por um grupo misterios,o e acaba tendo também a esposa sequestrada. O que começa como uma simples história de mistério desemboca em um flashback de quase uma hora para explicar os motivos da invasão, e aí sim começar a história que Ad Vitam se propõe a mostrar.
Dirigido por Rodolphe Lauga, o filme não economiza e até impressiona nas cenas de ação, apesar de enganar no início pelo exagero nas tomadas aéreas de uma belíssima Paris ao amanhecer que dão a impressão de que um romance está por vir. Tanto as sequências de luta quanto as de tiroteio, e até as perseguições de carro, lembram de imediato os pastiches de ação como Busca Implacável e tentam flertar com a agilidade dos primeiros John Wick.
É verdade que o clima romântico não fica distante da história, não só devido à busca pela esposa, mas pela construção da relação de ambos, que Lauga usa como principal fator narrativo no enorme flashback que compõe o miolo de Ad Vitam. E ainda que seja louvável a construção da relação entre Franck, seu time e esposa, os temas são repetidos e exaustivamente explorados em tantos personagens que, quando a trama política é apresentada, não há espaço para o espectador se importar com mais ninguém, tamanha a quantidade de ramificações numa só história.
A verdade é que Ad Vitam não deixa a desejar em nada às dezenas de longas de ação de Hollywood que infestam cinemas e streaming há anos; pelo contrário, ele entrega boa parte de sua proposta com sequências acima da média, e com um elenco de primeira qualidade, apesar do roteiro não ajudar a manter o interesse no mesmo nível do início ao fim. Canet não é Keanu Reeves, nem Liam Neeson, mas faz um trabalho digno com o que tem em mãos.