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Crítica

Água Para Elefantes | Crítica

Drama que adapta livro homônimo se perde com personagens deslocados

28.04.2011, às 19H00.
Atualizada em 05.11.2016, ÀS 11H02

O cenário é ideal para um dramalhão: início dos anos 1930, plena depressão nos Estados Unidos. Vítima da crise financeira, o pai do jovem Jacob Jankowski (Robert Pattinson) esconde da família a hipoteca vencida para colocar comida na mesa e pagar a educação do filho na faculdade de veterinária. Na hora da prova final, uma tragédia. Sozinho no mundo, Jacob sai andando sem rumo, até avistar um trem. Mal sabia ele que ao pegar carona clandestinamente estaria entrando em um mundo novo e mudando de vez sua vida.

Água para Elefantes

Água para Elefantes

Água para Elefantes

Ao subir naquele vagão em movimento, ele passou a fazer parte do Circo dos Irmãos Benzini, mas ao contrário das crianças e demais espectadores, ele não era tão bem-vindo assim ao "Mais Espetacular Show da Terra". Depois de quase ser jogado do trem, como acontecia com os outros vagabundos que tentavam uma carona até a cidade, Jacob é levado ao dono do circo, August (Christoph Waltz). Numa daquelas conjunções astrais tão frequentes na ficção, a história escrita originalmente no livro homônimo de Sara Gruen e adaptada no roteiro de Richard LaGravenese, o jovem veterinário cai justamente no meio de um circo cheio de animais, que vão de cavalos e leões a uma recém adquirida aliá chamada Rosie.

A paixão de Jacob pelo circo vai crescendo em paralelo ao seu interesse por Marlena (Reese Witherspoon), a estrela do espetáculo e, não por acaso, esposa de August, arrastando o filme pelas suas duas horas de duração. O triângulo amoroso é tão iminente quanto perigoso, pois August já demonstrou diversas vezes a sua volatilidade, trocando a cortialidade pelo brutalismo em questão de segundos. O desfecho de tudo isso é tão previsível e pesado quanto os passos do elefante do título, que aliás é secundário à história em si.

Individualmente, apenas a atuação de Waltz se salva, muito embora seu papel carregue ainda ecos de Bastardos Inglórios. Porém, no coletivo, parece que os três simplesmente não conseguiram achar a sintonia necessária. A paixão instantânea de Jacob por Marlena é tão ou mais estranha que o papel de mulher-de-malandro da moça com seu marido. Em uma cena lá pela metade do filme, ela tenta se justificar a Jacob, mas o pedido de desculpas deveria ser dirigido ao público. E sem conseguir se envolver com os personagens, fica difícil também se influenciar pelo seu drama romântico.

Depois de acertar a mão nas difíceis adaptações de Constantine e Eu Sou a Lenda, filmes mais voltados à fantasia e ficção científica, o diretor Francis Lawrence se perde no drama mais realista e romântico. O quadro que ele pinta tinha todos os elementos para ficar ótimo, mas daí você começa a perceber que o cenário da depressão está um tanto quanto apagado e que os personagens ficaram com tamanhos e formas muito distintas entre si, tornando a obra final apenas estranha. Nem as lágrimas típicas deste gênero aparecem para aplaudir o final.

Nota do Crítico
Regular