Amor à primeira vista é um artifício cinematográfico que aos poucos vem sido superado, com filmes como Frozen e Malévola desbancando a ideia de instantaneidade em relações amorosas. Amor Sem Limite (Endless Love), no entanto, volta atrás e não somente prova que ele é possível e devastador, como restabelece a patriarquia absoluta da família estadunidense.
Amor Sem Fim
O clichê está presente em todos os segundos do longa, desde o amor proibido entre Jade Butterfield (Gabriella Wilde), a garota rica do pai controlador, e David Elliot (Alex Pettyfer), o jovem pobre e mais velho; passando pela relação complicada entre Hugh (Bruce Greenwood) e Anne Butterfield (Joely Richardson), os pais da jovem; até o drama familiar da morte de um dos irmãos na tentativa de justificar o pai autoritário.
Não é preciso pensar muito para entender como a trama vai se desenrolar - entre alguns momentos um pouco mais originais até o óbvio desfecho deles. O curto longa decepciona ao preencher todas as lacunas de um romance dramático medíocre. Mais curioso é que, sendo um remake do filme homônimo de 1981 que lançou a carreira de Tom Cruise no cinema, tem um roteiro completamente diferente de seu antecessor, fugindo da definição de remake. Mantêm-se somente os nomes dos personagens, mais nada.
Apesar dos erros de enredo, Amor Sem Fim não é de todo um desastre. A bela direção de Shana Feste torna a experiência tolerável, com os suaves movimentos de câmera e uma condizente paleta de cores, que muda levemente de acordo com a situação do casal principal. As locações também não fogem da proposta; quando estamos no ambiente de Jade, filha de família rica, os espaços são abertos e bem iluminados; para David, de origem mais pobre, vemos locais menores e mais escuros.
O bom trabalho do intenso Pettyfer potencializa as cenas de romance, assim como o raivoso Greenwood e a calma e querida Richardson - é Wilde que desanda o ritmo. Sem expressão, a inocente e estudiosa Jade parece uma porta; facilmente manipulada, sem demonstrar qualquer tipo de resistência. Quando tenta ser mais intensa, Wilde parece uma criança dando chilique, deixando um clima pesado de vergonha alheia.
Finalmente, o longa mais parece um grande clipe musical do que um filme, com uma acentuada trilha sonora repleta de musicas pop rock na íntegra - às vezes mais altas até que o próprio diálogo. Amor Sem Fim é a definição de chickflick, a prova de que clichês ainda são produzidos - e que não devem deixar de existir tão cedo.