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Annie | Crítica

Celulares, redes sociais e auto-tune trazem a menina órfã ao futuro

12.02.2015, às 08H21.

Annie cumpre uma missão que a maioria dos musicais que chegam adaptados aos cinemas hoje em dia não consegue: transformar sua história em contemporânea e trazer os acontecimentos para os dias atuais. Apesar de ter nascido de um poema publicado em 1885, o longa de Will Gluck chega às telas moderno e abordando problemas relacionáveis, sem parecer antiquado.

A história permanece a mesma, mesmo com as pequenas modificações necessárias para trazer a garotinha órfã ao "futuro". Aqui, Annie (Quvenzhané Wallis) vira uma garotinha negra, assim como o ricaço que a ajuda. Não falta diversidade no elenco do longa, que passa pelo latino e vai ao britânico, russo, loira, morena, ruiva, jovem e mais velho. Não há discriminações, apenas os sonhos da garotinha que não se diminui ante aos problemas de sua vida.

Annie apela para as crianças por todos os lados, desde a jovem carismática, suas amigas de orfanato e companheiras de quarto, a casa tecnológica de Will Stacks (Jamie Foxx), a cadelinha Sandy e, obviamente, as novas músicas. As músicas também recebem roupagem nova e chegam cheias de auto-tune e instrumentos digitais - e isso passa longe de ser um problema.

Com a chegada das redes sociais e internet amplamente acessível, qualquer um pode ser o novo hit do momento e as novas mixagens de "It's a Hard Knock Life" e "The Sun Will Come Out Tomorrow", mais próximas das novas sonoridades que ouvimos todos os dias fogem do comum e trazem uma nova proposta ao gênero musical, que até então parecia estagnado. Até as canções originais de Sia e Beck provam que não precisamos de mais do mesmo, mas sim de novidades e melhorias.

Sempre ciente de si, o longa entrega também em elenco. Foxx e seu Stacks com jeito de crianção e Wallis como a Annie espevitada formam a dupla perfeita, que recebe ainda a adição de Grace (Rose Byrne), uma mulher definida por suas metas profissionais que também é afetada quando a jovem entra em sua vida, além do motorista Nash (Adewale Akinnuoye-Agbaje), que fica de fora da cantoria, mas está tão presente na nova vida de Annie quanto Stacks.

Não ficam de fora os vilões, mas enquanto Bobby Cannavale, que vive o sem noção Guy, entrega o que promete, Cameron Diaz e sua Sra. Hannigan são desastrosas. Cheia de maneirismos e piadinhas sem-graça, Diaz fica fora de tom com relação ao restante da produção e chega a estragar completamente boas cenas com seus estridentes gritos e a atuação exagerada.

Annie está longe de ser perfeito, mas é um passo na direção certa.

Nota do Crítico
Bom