Filmes

Crítica

Atividade Paranormal em Tóquio | Crítica

Remake disfarçado de continuação troca talco por sal e se dá por satisfeito

24.03.2011, às 18H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H18

Ainda que careça de qualquer ideia original, Atividade Paranormal em Tóquio (Paranômaru akutibiti: Dai-2-shô - Tokyo Night, 2010) de certa maneira é o filme que Atividade Paranormal (Paranormal Activity, 2010) deveria ter sido. Primeiro por que a temática de fantasmas à solta em uma casa atormentando uma família funciona muito melhor no Japão do que nos Estados Unidos - algo que o país já provou inúmeras vezes. Mas, mais importante, por que os japoneses têm câmeras muito melhores. Culturalmente, que a atividade paranormal aconteça em Tóquio é muito mais coerente.

Atividade Paranormal em Tóquio

Atividade Paranormal em Tóquio

Atividade Paranormal em Tóquio

De qualquer maneira, coerência não é exatamente o que importa aqui. O filme de Toshikazu Nagae funciona como um remake oriental do original de Oren Peli mascarado de continuação (algo que foi ignorado dentro da cronologia da série, já que Atividade Paranormal 2 saiu depois).

Na trama, o fantasma que atormentou o casal de San Diego foi passado para uma estudante que visitava a cidade. Ele chega em Tóquio (fantasmas viajam de classe econômica?) e recomeça seu ciclo de fortalecimento. Primeiro empurra uma cadeira aqui e ali. Logo está quebrando coisas, balançando lustres e puxando cabelos, tudo idêntico ao original. A diferença é que o casal agora é de irmãos e temos duas câmeras para acompanhar - uma no quarto de cada um. O talco também virou sal. Mas é só.

A solução das duas câmeras é divertida em alguns momentos, como quando Noriko (Haruka Yamano) é possuída e passa de uma pra outra, no quarto do irmão, Aoi (Koichi Yamano). Mas fora isso, não há nada de novo. Todas as sequências mais memoráveis do filme original foram repetidas de maneira levemente distorcida. Criatura de hábitos, o fantasma de Katie e Micah.

Leva quase uma hora e meia para que Nagae, depois de ter repetido o desfecho do primeiro, comece, nos cinco minutos finais, a buscar suas próprias ideias. E quando o faz, elas nada acrescentam em termos de mitologia e parecem meio desesperadas, uma tentativa de buscar sua própria voz com as cordas vocais dos outros. Além disso, nenhuma luz é lançada sobre a assombração - algo que poderia ter sido aproveitado na visita do exorcista, por exemplo.

Para quem assistiu e assustou-se com o primeiro, Atividade Paranormal em Tóquio deve parecer um engodo. E provavelmente é, já que foi criado como um remake específico para o público japonês e lá deveria ter ficado. Lançá-lo aqui é encostar-se confortavelmente em uma marca já estabelecida entre os fãs do gênero, entregando o que já foi entregue. Mas se você ainda não conhece as artimanhas do original, pode desfrutar de alguma novidade. Ao menos a qualidade de imagem é melhor e a aura exótica da ambientação funciona a favor da história. Isso se você gosta de assistir a pessoas dormindo, obviamente, “ação” que novamente ocupa boa parte da produção...

Atividade Paranormal em Tóquio | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Regular