Filmes

Crítica

Bel Ami - O Sedutor

Robert Pattinson carrega filme dispensável aos cinemas

02.08.2012, às 20H05.
Atualizada em 17.05.2019, ÀS 15H35

São três os fatores da ascensão social: mérito, herança e sexo. Se o primeiro exige esforço e o segundo é uma questão de sorte, o terceiro é uma vocação. É preciso nascer com os atributos necessários para transformar a si mesmo em uma ferramenta de manipulação, capaz de destruir casamentos, derrubar governos e, atualmente, garantir uma boa pensão ou se tornar uma celebridade.

Bel Ami - O Sedutor, adaptação ao cinema do romance escrito em 1885 por Guy de Maupassan, romantiza esse talento especial: um homem pobre que descobre na sedução das esposas de políticos e magnatas da Paris de 1890 o caminho para a riqueza e o poder. O filme de Declan Donnellan Nick Ormerod não consegue, contudo, retratar propriamente esse fascínio causado por seu protagonista. Condensando 400 páginas em 102 minutos, a roteirista Rachel Bennette entrega apenas um George Duroy (Robert Pattinson) ignorante e inseguro, que se mostra mais manipulado do que manipulador.

A vida de Duroy é transformada por acaso. Um dia, junta seus últimos trocados e segue para o bordel local. Lá encontra um velho colega de exército, Charles Forestier (Philip Glenister), que lhe abre as portas para um novo mundo - de trajes sociais, talheres diversos e taças de champanhe. O rapaz pobre, ex-oficial de cavalaria, é então colocado à mesa com as três mulheres que levarão ao seu progresso social: Madeleine Forestier (Uma Thurman), Virginie Rousset (Kristin Scott Thomas) e Clotilde de Marelle (Christina Ricci). Do jantar, surge a ideia de um artigo de jornal e a proposta de ajuda de Madeleine Forestier, a verdadeira sedutora da história.

É a personagem de Uma Thurman que guia inicialmente os passos do Bel Ami, o coloca nos braços de Clotilde, uma esposa solitária, e o alerta da importância de Virginie, a influente esposa do dono do jornal La Vie Française. Em um mundo dominado oficialmente pelos homens, ela usa a ignorância de Duroy para levar a público suas ideias, assim como fazia com o próprio marido. Em uma das cenas mais marcantes (talvez a única), Madeleine, ocupada em investigações e estratégias políticas, responde às investidas do jovem amante com força e desprezo, revelando a Bel Ami o seu lugar e abrindo os olhos do michê para um novo plano.

Dispensável, Bel Ami - O Sedutor chega aos cinemas brasileiros apenas pela presença de Pattinson, que não atrai apenas as fãs do vampiro Edward, mas os críticos e curiosos, que querem ver seu desempenho além da Saga Crepúsculo. Vale dizer então, que por mais que falte tridimensionalidade a George Duroy (que tem seus triunfos sociais marcados por uma caricata trilha sonora), a culpa não cai sobre o seu intérprete. Sua atuação, apesar de insegura, é promissora. Um ator honesto, com vontade de crescer. Seu personagem, contudo, não passa de uma versão masculina da socialite Val Marchiori, iludido pelo brilho da opulência e rejeitado por seu novo círculo social. Ascender não é tudo.

Nota do Crítico
Regular