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Ben-Hur | Crítica

Épico tenta achar seu lugar entre o apelo jovem e o público do cinema cristão

18.08.2016, às 18H43.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H33

A julgar pelo histórico do diretor russo Timur Bekmambetov e pelo penteado moderno de Jack Huston nos materiais de divulgação de Ben-Hur, o remake do épico bíblico tinha tudo para ser uma releitura de apelo teen cheia de clipagem e firulas visuais. Mas não só Huston se transforma ao longo do filme como Bekmambetov se revela um diretor econômico nessa nova versão - pensada não só para a audiência jovem dos blockbusters tradicionais como também, e principalmente, para o público cativo do cinema cristão.

O que Bekmambetov havia feito até hoje de mais próximo ao relato histórico, com tom de elegia, era uma paródia: Abraham Lincoln - Caçador de Vampiros. Conhecido pelos filmes de ação cheios de acrobacias de câmera e de montagem, escorados nos efeitos, como O Procurado, o russo usa no seu Ben-Hur uma linguagem visual que não soa arrojada demais, mas ainda assim permite cenas de ação de impacto (notadamente, a sequência do naufrágio). Se há um mérito neste Ben-Hur - ou antes é uma curiosa bipolaridade - é sua capacidade de parecer um épico de ação com momentos vigorosos e ao mesmo tempo distanciado.

Embora a clássica sequência de ação da corrida de bigas também tire proveito da virtuose do diretor russo, no geral este Ben-Hur tem a solenidade e uma pegada quase acadêmica como os grandes épicos bíblicos que Hollywood fazia nos anos 1950 e 1960. Nesse contexto, o Jesus Cristo interpretado por Rodrigo Santoro tem a gravidade que se esperaria do personagem. Cada fala sua vem carregada de um peso maior, como se fossem definitivas.

O brasileiro, no geral, se especializa nesse tipo de atuação intensa, e nesse sentido a escolha de Bekmambetov pelo ator é um acerto. Santoro, no mais, é um ponto de interesse não apenas para os brasileiros mas principalmente para a audiência religiosa, que terá a oportunidade de ver neste Ben-Hur uma história muito mais dedicada a registrar o Calvário e a relação de Cristo com Judah Ben-Hur do que a versão de 1959 eternizada por Charlton Heston.

Santoro tem espaço para criar sua versão do ícone, num filme que evoca o estilo cerimonioso da velha Hollywood, e que talvez não esteja tão datado assim. Épicos como Gladiador já conseguiram com sucesso mesclar o antigo e o moderno em anos recentes, e é nessa aposta - calculada para atacar nichos diferentes da demografia nas bilheterias - que Ben-Hur se concentra.

Nota do Crítico
Bom