Filmes

Crítica

Blitz faz drama profundo ao observar a Segunda Guerra pelos olhos de uma criança

O novo filme do vencedor do Oscar Steve McQueen, é uma nova perspectiva poderosa com forte presença da música

09.10.2024, às 15H30.
Atualizada em 09.10.2024, ÀS 15H53

Steve McQueen, diretor que ganhou o Oscar de Melhor Filme por 12 Anos de Escravidão, é um autor de estilo marcante e poderoso que em Blitz, seu novo filme, acompanha a história dos ingleses durante os bombardeios de Londres entre 1940 e 1941. No centro da história está o desaparecimento desta criança de 9 anos durante os ataques à Londres e a busca desesperada por uma mãe cheia de culpa. De cara, McQueen oferece uma perspectiva para enfrentar a Segunda Guerra Mundial.

A campanha que leva o nome do filme foi uma série de ataques rápidos a diversos países europeus por parte da Alemanha nazista para impedi-los de obter suprimentos e enfrentá-los. Neste caso, a trama acompanha a o bombardeio em Londres enquanto, desesperada por ajuda, uma mulher que decidiu mandar o filho para fora da cidade em busca de refúgio no campo passa a procurá-lo. O garoto se perdeu e o alerta de bombas ecoa por todo o país.

A estrutura que McQueen apresenta são duas linhas narrativas que acontecem em paralelo: uma com George (Elliott Heffernan) procurando o caminho de volta para casa e outra com Rita (Saoirse Ronan) tentando encontrar seu filho. Em ambos os caminhos surgem desafios a serem superados, mas com tons bem diferentes. Em mais uma grande atuação, Ronan encena um drama profundo, saltando entre o pânico e a culpa quebrando ao quebrar regrar do trabalho, pedir ajuda a amigos e familiares e dependendo seus próprios recursos para encontrar seu filho.

Do lado de George o drama chega muito mais tarde. O início é uma aventura cheia de parceiros circunstanciais. O diretor explicou, em entrevista ao Omelete, que a ideia era mostrar como uma criança pode ver e vivenciar a guerra — às vezes como algo lúdico; uma missão mais simples a ser cumprida, como entrar furtivamente em um trem. Outras vezes, tudo vira um terror nos olhos dele, que presencia o desastre sem o mesmo grau de compreensão de um adulto. Isso se reflete bem ao longo do filme. George apresenta as aventuras mais divertidas, mas também as mais aterrorizantes.

Em mais da metade do filme, o ritmo é perfeito. Alguns momentos das aventuras de George possuem um clima mais parecido com Os Goonies ou Super 8, com ele encontrando alguns amigos para acompanhá-lo. Do lado materno, para alcançar o equilíbrio tonal, o texto de McQueen opta não apenas por mostrar o frenesi, mas usar flashbacks para aprofundar a realidade presente.

Com alguns personagens que colaboram muito com o desenrolar da história, das crianças que viram amigos circunstanciais de George, até Ife (Benjamin Clémentine) e Jack (Harris Dickinson), o soldado que ajuda Rita na busca por George, Blitz mostra uma cadência excelente quase até o final, quando o drama fica maior que a história, quase transbordando-a. A construção até este momento é excelente, mas ele talvez seja excessivo para o encerramento.

Sem ser um filme de guerra no sentido estrito da palavra, Blitz é uma obra que se enquadra bem na carreira de Steve McQueen. O longa aborda uma história muito difícil, com perspectivas diferentes e uma realidade muito dura para os afrodescendentes neste contexto (mais sentido na perspectiva de George), e este aspecto em nenhum momento parece paralalo a Blitz, e está sempre muito bem integrado, ainda que de forma muito sutil, na história.

Crítica traduzida do Omelete MX. Blitz chega ao Apple TV+ em 22 de novembro.

Nota do Crítico
Ótimo