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Carrossel - O Filme | Crítica

O filme entra no espírito da sessão da tarde

23.07.2015, às 17H16.

Co-dirigido por Maurício Eça (Apnéia) e Alexandre Boury, diretor de diversos longas com Renato Aragão como O Trapalhão e a Luz Azul e Didi Quer Ser Criança, Carrossel - O Filme entra no espírito da sessão da tarde, unindo crianças em uma missão do bem contra o mal, na qual vão aprender o valor da amizade em meio a grandes aventuras e clima de férias.

Aqueles que acompanharam a versão original da novela mexicana, transmitida no Brasil nos anos 1990, devem sentir falta da Professora Helena, que, na trama, não pode viajar com os garotos pois acabara de ter um filho. O conflito se inicia quando Gonzales (Paulo Miklos em uma espécie de Doutor Abobrinha com visual de Dick Vigarista) e seu assistente Gonzalito (Oscar Filho interpretando o Mutley em versão live action) planejam causar um grande acidente com as crianças para que o acampamento Panapaná, que pertence ao avô da Alícia (Fernanda Concon), seja fechado e o vilão possa comprar o terreno e construir uma fábrica. 

Como numa boa matinê sem compromissos, os alunos da escola Mundial se unem para pegar os bandidos e salvar o acampamento. Ainda assim, não convém esperar um grande filme de férias; o roteiro é mal amarrado e as cenas de guerra de travesseiro, brincadeiras no lago e aventuras no mato são emendadas uma nas outras como se fizessem parte de um checklist de imagens essenciais para entreter o público infanto-juvenil e, na verdade, não se conectam com nada da trama.

Ao mesmo tempo, o filme se sai melhor que o modelo Xuxa/Didi de filmes infantis, em que um protagonista de meia idade (ou da terceira idade) tenta preservar sua influência com as crianças sem que o público de fato se identifique com ele. Momentos de amadorismo nas atuações e as cenas de comédia física não se tornam ridículos em um filme para crianças e estrelado por crianças que estão começando a carreira (com exceção de Maísa, que aos 13 anos já tem 10 de carreira). No entanto, os diretores erram a mão ao usar computação gráfica de qualidade duvidosa para representar os insetos que aparecem por toda a trama, recurso que tira um pouco de Carrossel - O Filme seu jeito inocente de filme semicaseiro.

Apesar de o filme copiar e colar fórmulas clássicas, formando uma coletânea de cenas frenéticas para reter a atenção da audiência, os diretores acertadamente têm consciência de sua posição de reprodutores de lugares-comuns, e brincam com isso fazendo referências a Esqueceram de Mim e outros sucessos noventistas. Resta saber se o público-alvo do longa, nascido depois dos anos 2000, será capaz de reconhecer alguma delas.

E para a informação dos fãs do original mexicano: Cirilo (Jean Paulo Campos) é tudo o que se espera de um bom Cirilo, Maria Joaquina (Larissa Manoela) continua insuportável, só que agora com um iPhone na mão; Jaime (Nicholas Torres) emagreceu desde que foi contratado em 2012 e está mais para galã que para gordinho da turma; e Valeria, interpretada pela estrela Maísa, tornou-se praticamente a protagonista da versão brasileira. De modo geral, o elenco brasileiro encarna os personagens de maneira fiel à original, se é que algum fã de Carrossel eventualmente tenha essa preocupação.

Nota do Crítico
Regular