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Casamento Armado é comédia fraca que desperdiça talentos

Mistura malsucedida de gêneros, filme com Jennifer Lopez não desenvolve personagens

27.01.2023, às 06H00.

Ao que parece, Casamento Armado, que estreia nesta sexta-feira (27) no Prime Video, confia demais na premissa inusitada e nos nomes famosos do elenco para atrair o público. Afinal, ter Jennifer Lopez e Josh Duhamel nos papéis principais e coadjuvantes de luxo como Jennifer Coolidge, Sônia Braga e Lenny Kravitz realmente enche os olhos. O problema é que os anfitriões desse evento não têm muito o que oferecer aos seus convidados.

Um dos grandes problemas é que o desenvolvimento de personagens na produção é praticamente zero, a começar pelos protagonistas, Darcy (Lopez) e Tom (Duhamel), que conhecemos bem pouco, já na véspera do grande dia, recepcionando parentes e amigos numa ilha paradisíaca. O clima é de desconforto, especialmente entre a mãe da noiva (Braga) e o ex-marido, Robert (Cheech Marin), que vai acompanhado da nova namorada, Harriet (D'Arcy Carden). Mas a chegada surpresa do ex-noivo bonitão Sean (Kravitz) e a falta de cerimônia da futura sogra falastrona, Carol (Coolidge), também tornam a ocasião constrangedora para Darcy - e todo mundo.

É no dia do casamento, porém, que surge o maior perigo para os hóspedes: um bando de piratas invade o local e faz os visitantes de reféns. Darcy e Tom, que estavam afastados do grupo, ficam com a missão quase impossível de salvar o grupo e a própria pele.

O filme, escrito por Mark Hammer e dirigido por Jason Moore, propõe uma mistura de gêneros que poderia funcionar perfeitamente se a dupla encontrasse o tom certo. Exemplos bem-sucedidos no cinema não faltam, como o recente Cidade Perdida, que consegue criar bons momentos quando se joga sem medo na paródia. Ou ainda Sr. e Sra. Smith, que encontra na tensão da vida profissional dos assassinos de aluguel um ótimo balanço com as sutilezas de um casamento em crise.

Infelizmente, no caso de Casamento Armado, nada dá liga. O longa não tem graça suficiente para ser uma comédia agradável, nem charme para ser um romance cativante ou mesmo tensão para ser uma boa história de ação.

As inúmeras tentativas de criar situações cômicas, seja envolvendo spray de cabelo ou granadas, falham miseravelmente, porque não têm timing. Em outro extremo, a única piada boa do filme, envolvendo a falta de noção da mãe do noivo, é repetida à exaustão sem necessidade.

Além disso, no decorrer da narrativa, cenas que poderiam surpreender os espectadores, por supostamente quebrar a expectativa em torno de um ou outro personagem, estão todas entregues já no trailer. Inclusive a reviravolta milagrosa da protagonista, que vai de alguém que desmaia ao ver sangue a uma quase Lara Croft em tempo recorde. Fica difícil identificar o que sobra para quem tiver paciência de assistir à 1h41 do longa esperando um pouco de diversão.

No fim das contas, temos ali um casal de mocinhos que não engrena o bastante para ganhar a nossa torcida e muitos talentos desperdiçados em papéis pequenos e tramas pouco atraentes. É uma festa que, antes mesmo de começar, virou um enterro.

Nota do Crítico
Ruim