"Quem muito escolhe um dia será escolhido." Não deixa de ser verdade a frase que por muito tempo ouvi de minha mãe - que, por sua vez, ouvia de minha avó. Contudo, é difícil aceitar que a pessoa que pode ser a certa para você, aquela que se encaixa perfeitamente em todas as suas demandas, pode não existir.
Celeste e Jesse para Sempre
Celeste e Jesse para Sempre
Celeste e Jesse para Sempre
A cena de abertura de Celeste e Jesse para Sempre (Celeste & Jesse Forever) nos mostra um casal feliz, que parece não ter uma preocupação sequer no mundo. Durante um encontro de casais, no entanto, descobrimos que, apesar de toda a intimidade demonstrada, eles estão separados, esperando apenas pela confirmação do divórcio. Amigos desde a infância, Celeste (Rashida Jones) e Jesse (Andy Samberg) não parecem estar prontos para deixar um ao outro: eles ainda moram juntos, dividem um carro, têm os mesmos amigos, não se aventuram em outros relacionamentos... É como se a decisão da separação nunca tivesse acontecido.
O roteiro que Rashida co-escreveu com Will McCormack, levemente baseado em uma relação vivida pelos dois, mantém essa dinâmica. A trama, que sempre acompanha a vida do casal protagonista, tende mais a focar nas decisões e indecisões da controladora Celeste, por vezes deixando o infantil e tranquilo Jesse de lado.
Começam a entrar em pauta os estereótipos da mulher indecisa e dividida quando a bem-sucedida Celeste toma o primeiro passo para o divórcio. "O pai do meu filho tem que ter um carro", alega. Em sua concepção, Jesse não se encaixa nas regras propostas por ela do "homem perfeito". Ele não tem um trabalho estável, passa dias em casa vendo TV e prefere surfar a cumprir o prazo de um trabalho que a própria esposa lhe conseguiu. Ainda assim, é ela quem ainda não assinou os papéis do divórcio.
É quando Jesse diz que terá um filho com outra mulher que Celeste cai na realidade e sai em busca de outro parceiro. No caminho, ela encontra Paul (Chris Messina), um colega de sua aula de yoga que preenche todos os pré-requisitos propostos por ela mesma. Contudo, provando que aquilo é, de fato, o estereótipo mencionado acima, no momento em que encontra aquele que poderia ser o homem ideal para sua vida, percebe ainda estar apaixonada pelo seu melhor amigo e ex-marido, que seguiu em frente e está prestes a se casar.
Apesar do roteiro decente de Jones e McCormack, é o diretor Lee Toland Krieger e o diretor de fotografia David Lanzenberg que prejudicam todo o andamento da trama. Na intenção de dar um tom indie a Celeste e Jesse para Sempre, o visual de câmera na mão combinado com as frequentes tomadas que se aproximam do rosto da protagonista, como que para mostrar que ela está sempre refletindo sobre os caminhos que sua vida tomou, acabam tornando o filme uma experiência cansativa e maçante.
No mais, Celeste e Jesse para Sempre acaba provando ser apenas mais uma tentativa de mostrar como o amor é complicado. Não adiciona muito ao gênero das dramédias românticas, mas estabelece que é possível, sim, falar sobre o estereótipo feminino da indecisão e exigência sem ofender.
Celeste e Jesse para Sempre | Trailer