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Chamada de Emergência | Crítica

Desfecho irreal sublima os bons momentos do novo filme de Halle Berry

11.04.2013, às 19H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H34

Segundos após fazer a reviravolta que sobrepõe todos os méritos de Chamada de Emergência (The Call), o diretor Brad Anderson (O Operário, O Mistério da Rua 7) consegue se superar ao filmar uma tremulante bandeira dos EUA, um surto de patriotismo gratuito. A cena é apenas um exemplo do desfecho trágico de um suspense que, até seus últimos minutos, consegue se manter interessante.

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O filme mostra Halle Berry (A Viagem) na pele de Jordan, uma atendente do serviço de emergência em Los Angeles, o famoso 911. A moça passa por uma situação traumática e é afastada do trabalho; mas em um caso inesperado ela acaba em uma ligação importante e precisa voltar a ativa. O criminoso em questão é um assassino em série de adolescentes, que desta vez escolhe como vítima a jovem Casey, interpretada por Abigail Breslin (Zumbilândia).

Pautado somente pela trama principal, focada apenas a relação e desespero de ambas mulheres em cena, o filme se mostra eficiente. Grande parte disso se deve a câmera inquieta e a edição acelerada que Anderson usa para dar ritmo a situações conceitualmente sem interação física entre as protagonistas; afinal, quase tudo é resolvido por meio de um telefone.

O clima e a urgência construída ao longo dos dois primeiros atos são bem feitos a ponto de se ignorar os excessos do roteiro. A insistência em dar uma responsabilidade familiar à personagem de Berry soa tão descartável quanto seu romance, por exemplo. Ambos contribuem apenas para conceder cenas dramáticas vazias. As interações com Breslin, que ela conheceu há minutos, são mais envolventes e críveis do que os lamentos sobre seu pai e namorado.

Nos minutos finais, essa lógica se inverte. Os defeitos do roteiro sublimam a boa fotografia e o filme descamba para um encerramento sem sentido. A começar por uma absurda análise de som feita por Jordan, que em questão de segundos passa de uma mera atendente a melhor detetive de Los Angeles. A decisão final da dupla protagonista parece não só inverossímil, mas também incoerente, visto o sofrimento passado por ambas até o desfecho do caso.

O ápice do final irreal é a bandeira límpida e esvoaçante usada para simbolizar a força feminina daquele país. Classificação esta que não precisava ganhar contornos patriotas ou mesmo ser exemplificada - os tormentos mostrados até ali foram suficiente para denotar um exercício de superação digno. Há o que se aproveitar em Chamada de Emergência, mas nada significativo o bastante para tirá-lo do grupo de filmes descartáveis.

Chamada de Emergência | Trailer
Chamada de Emergência | Cinemas e Horários

Nota do Crítico
Regular