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Crítica

Crítica: 9 - A Salvação

Animação produzida por Tim Burton tem visual impecável, mas desliza de leve na história

08.10.2009, às 16H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H53

Bastaram duas palavras para que os holofotes se voltassem para a animação 9 - A Salvação (9, 2009): Tim Burton. O cineasta apadrinhou o jovem Shane Acker depois de assistir ao curta criado como trabalho de conclusão da faculdade. E não é difícil entender por que Burton gostou tanto do projeto. Estão ali elementos que lhe são bastante caros, como a atmosfera sombria de um mundo pós-apocalíptico, objetos detalhadamente pensados e recriados e a história de um solitário boneco, que passa seus dias pensando em formas de acabar com os monstros de metal que o perseguem.

9 - A Salvação

9 - A Salvação

9 - A Salvação

Mas o caminho para transformar um curta em um longa-metragem é... longo. Foram quatro anos entre o anúncio de que a Focus Features ia apoiar o projeto e a sua estreia, no emblemático dia 09/09/09. E o desenvolvimento da história também é muito mais complexo passou por inúmeras mudanças. Para ajudar na criação do novo roteiro, Acker teve o apoio de Pamela Pettler, que já havia trabalhado com Burton no script de A Noiva Cadáver.

Em vez de apresentar o protagonista 9 (voz original de Elijah Wood) já colocando em funcionamento seus planos, o longa-metragem inicia com ele pendurado, ganhando consciência em um quarto cheio de anotações, projetos de robôs e recortes de jornais, que situam o espectador em um futuro pós-apocalíptico em que as máquinas tomaram conta e os humanos foram dizimados.

Não por acaso, aqueles que criaram os monstros que acabaram com o planeta são versões parodiadas dos nazistas e o mundo que 9 explora quando sai daquele quarto é bastante similar ao que vemos em fotos da Europa destruída depois da Segunda Guerra Mundial. Lindo trabalho dos designers de produção Robert St. Pierre e Fred Warter. São os dois também os responsáveis pela recriação digital de todos os objetos e texturas que já conhecemos, mas que passam a ter outros formatos quando vemos tudo tão de perto, como se o filme todo fosse visto através de uma lupa.

Com o desenrolar da trama, 9 vai conhecendo outros como ele, que lutam para sobreviver aos ataques das feras. Seu primeiro contato se dá com 2 (Martin Landau), exímio inventor e consertador. 5 (John C. Reilly) é o que se torna seu melhor amigo e vai junto com ele atrás de um futuro melhor. 7 (Jennifer Connely) é a menina aventureira que não sabe o que é ter medo. 8 (Fred Tatasciore) é o bruta-montes. 3 e 4 são os gêmeos curiosos e sem voz que passam o dia catalogando imagens. 6 ( Crispin Glover) é o excêntrico visionário que sabe como deter os monstros. E 1 (Christopher Plummer) é o ancião que prefere se manter escondido e salvo do que tentar mudar o mundo para melhor.

No curta não fica claro que aquela é uma versão do nosso mundo que foi destruído. Podia ser qualquer lugar. Mas ao cair no lugar-comum do pós-apocalipse em que o mundo foi dominado e destruído pelas máquinas, 9 acaba perdendo um pouco do seu encanto. O mundo que eles mostram ali é um Matrix extremo, sem humanos sendo usados como ray-o-vac, ou uma versão do Exterminador do Futuro em que o T-800 cumpriu a sua missão. Os cineastas precisam aprender que nem tudo precisa de uma explicação. A "salvação" do título nacional já seria motivação suficiente para fazer os bonecos com alma se envolverem em muitas aventuras repletas de cenas de ação envolvendo roldanas e fios, como aquelas máquinas em que um balão assusta a galinha, que bota um ovo, que cai na panela e por aí vai...

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Nota do Crítico
Bom