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A Espinha do Diabo | Crítica

Ô nominho do inferno!

12.10.2001, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H12

A primeira coisa que me perguntaram quando falei que tinha ido ver A Espinha do diabo era se o "coisa-ruim" estava com problemas de acne. Felizmente, o filme está longe disso. Trata-se de um drama com pitadas de paranormalidade. Mas não confunda esta produção de língua espanhola com as novelas mexicanas que vemos na TV. O diretor mexicano Guillermo Del Toro, que está dirigindo Blade 2 (com Wesley Snipes), está cotado para dirigir um possível filme do Hellboy e não é parente de Benício Del Toro, fez um trabalho muito bom.

A Espinha do Diabo

Nos anos 30 do século passado, a Espanha está passando por sua guerra civil. No meio do nada, há um orfanato onde filhos dos combatentes são criados até que a guerra termine. É o caso de Carlos (Fernando Tielve), um garoto de 12 anos que é deixado pelo seu tutor para ser criado por Carmem (Marisa Paredes), a diretora, e Casares (Federico Luppi), um professor de ciências e médico nas horas vagas. Logo que chega, o menino é recebido pelos outros órfãos e fica amigo de alguns por trazer na mala uns gibis. Isso causa ciúmes e birra em Jaime (Iñigo Garcés), o chefão do pedaço.

Entre os adultos que comandam a instituição há um quadrilátero amoroso - hora platônico, hora carnal - envolvendo Carmem, Casares e os jovens Jacinto (Eduardo Noriega) e Conchita (Irene Viseto). E esta trama paralela é que vai decidir o rumo das crianças no fim da história.

I see dead people

Apesar de ser testado o tempo todo, Carlos se mostra durão e não cede aos temores de estar num lugar desconhecido e assombrado por um fantasma. Assim como acontece com o Haley Joel Osment em O Sexto Sentido, Carlos também vê pessoas mortas. Na verdade, criança morta. Trata-se de um dos ex-internos, Santi (Junio Valverde). A computação gráfica usada nas aparições de "O que susurra" está ideal e dá ao personagem todo o clima amedrontador que necessita.

Pode-se dizer sem pestanejar que a produção em nada deve aos filmes de médio orçamento feitos em Hollywood. Desde o cenário, imaginado a partir da idéia que o diretor tinha da Espanha, até a escolha do elenco tudo se encaixa. A qualidade técnica da fotografia e a trilha sonora instigante são outros "detalhes" que não podem passar desapercebidos, pois fazem toda a diferença.

Não se assuste com o título do filme (lá pela metade da história, você vai entender o que é a tal espinha do diabo). Vá com fé e deixe pra ficar com medo a partir do momento que as luzes se apagarem.

Nota do Crítico
Ótimo