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Crítica

Crítica: A Todo Volume

Jack White, The Edge e Jimmy Page falam sobre a sua história com a guitarra

30.09.2009, às 12H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H53
Depois de um começo curioso, em que Jack White

a todo volume

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comprova que basta pouco mais de um toco, pregos e uma garrafa para fazer o corpo de uma guitarra, o documentário A Todo Volume
( It Might Get Loud , 2008), sobre o fascínio exercido pelo instrumento amplificado de corda, traz Jimmy Page em cena pela primeira vez - e o guitarrista do Led Zeppelin
compara a guitarra com o corpo das mulheres, esse clichê clássico.

Felizmente, o novo filme dirigido por Davis Guggenheim (vencedor de um Oscar em 2007 por Uma Verdade Inconveniente), que ainda tem The Edge, do U2, como convidado, sabe evitar o excesso de mistificações.

Ao invés de somente reunir ícones para uma jam com declarações de amor ao instrumento e metáforas etéreas, A Todo Volume vai atrás da história desses convidados, dos seus processos de composição, tenta entender o que há de singular em seus estilos e como eles contribuíram para definir o som de suas bandas - e do rock dos últimos 40 anos.

Guggenheim ordena depoimentos logo no início para mostrar que a eleição do trio não foi aleatória. The Edge é o experimentalista, o racional, que equaciona efeitos de pedal e eletrônica para criar riffs como o de "Elevation". Já o guitarrista do White Stripes e do Raconteurs é o purista, o homem do campo, o nostálgico, que prefere pegar uma guitarra tosca e extrair dela uma espécie de autenticidade. Page meio que serve de meio-termo: típico representante dos anos 70, tem formação clássica, como White, mas está aberto a todo tipo de novidade, como Edge.

Aconteceu no dia 23 de janeiro de 2008 a jam entre os três, num barracão gigantesco que certamente teve a sua acústica medida pelos guitarristas. Ali eles tocam juntos músicas de suas respectivas bandas, o que tem poder de catarse inegável. Mas o grosso do filme é o resgate histórico, além das cenas de cada um dos três em seus próprios ambientes - ao som não só de faixas do Led Zeppelin, do U2 e do White Stripes, como alguns blues, skiffles e músicas do começo do rock distorcido.

A Todo Volume acaba sendo um prazeroso apanhado de canções gravadas e ao vivo. Junte a sensibilidade do diretor de fotografia Guillermo Navarro (dos filmes de Guillermo Del Toro) para capturar detalhes e feições e temos aí uma combinação eficiente.

O talento de Navarro para criar essa sintonia consegue até diminuir os espaços (de respeito, de vaidade) que separam Page, Edge e White. Há ali entre os três graus maiores e menores de comprometimento com o filme (a entrega de Edge, tanto para revelar seu processo de criação quanto sua história, é o grande trunfo do documentário), e no fim Navarro e Guggenheim fazem até parecer que os três nasceram para tocar juntos.

Assista a clipes do filme

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Nota do Crítico
Ótimo