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Crítica: Anjos e Demônios

Ron Howard aprende com os erros do primeiro filme - e erra diferente

14.05.2009, às 17H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H47

A adaptação do fenômeno literário O Código Da Vinci errou ao otimizar não a ação do livro, o visual, mas a verborragia floreada dos protagonistas. Imaginava-se que o diretor Ron Howard, que retorna à série neste Anjos e Demônios (Angels & Demons, 2009), tivesse aprendido a lição e prestado atenção à crítica. E prestou. O problema é que até demais.

anjos e demônios

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Na sequência das aventuras do simbologista Robert Langdon (outra vez Tom Hanks, atuando no automático), o cineasta inverte a receita e erra na medida mais uma vez.

Anjos e Demônios é um crescente de ação só, duas horas de música subindo, correria e muita tensão. Os respiros não funcionam e a produção parece simplesmente alta demais. São nada menos que seis clímaces seguidos - um para cada cardeal, mais a bomba e a perseguição final - resultando em uma canseira exagerada. Quando tudo é alto, nada é alto. É curioso como um diretor tão cautelosamente dado às fórmulas de Hollywood - como provou em Apollo 13 (1995), Uma mente brilhante (2001) e A luta pela esperança (2005) - não encontre espaço em seu filme para aquelas pequenas regrinhas consagradas do trade, capazes de equilibrar qualquer roteiro.

A trama segue a linha que mistura fatos com ficção e conspirações ancestrais. Desta vez, apesar das rusgas com a Igreja, o simbologista é chamado às pressas ao Vaticano para auxiliar nas buscas a quatro cardeais, sequestrados horas antes do início do Conclave (a seleção do próximo Papa) e impedir a explosão de uma bomba de antimatéria. Para tanto, ele precisa descobrir o início do "Caminho da Iluminação", rota secreta em Roma que leva ao local de encontro da antiga e vingativa sociedade secreta conhecida como Illuminati. Ao lado de Langdon está a cientista encarregada de desarmar a bomba high-tech, Vittoria Vetra (Ayelet Zurer, a esposa de Eric Bana em Munique). Apesar de continuar fatos do primeiro longa e mencioná-los brevemente, a história na literatura foi precursora de O Código Da Vinci e a estreia do assexuado herói caxias Langdon.

Se o filme vale por alguma coisa, é pelo cenário e a edição competente - quando analisada isoladamente do todo - das cenas de ação. Como no primeiro filme, que realizou um apanhado de pontos turísticos em Paris e Londres, Anjos e Demônios faz uma tour belíssima por Roma e o Vaticano à noite. Nada que justifique aguentar os frenéticos 140 minutos, porém. Especialmente aturar o desfecho - que já discutiram comigo ser "muito parecido com o do livro". Ora, se não presta na literatura, vai ficar ainda mais escancaradamente trash na telona. Dá uma certa vergonha alheia de Ewan McGregor como o camerlengo Patrick McKenna na sequência do helicóptero. Santo Padre que nada... em tempos de Wolverine arrecadando horrores nas telonas, o Super Padre é que é o cara!

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Nota do Crítico
Regular