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Crítica

Crítica: Baaria - A Porta do Vento

Diretor tenta reeditar fórmula de Cinema Paradiso, mas não consegue

16.09.2010, às 19H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H08

Em 1988, o cineasta italiano Giuseppe Tornatore emocionou o mundo com Cinema Paradiso. Guardadas as devidas proporções, Baaria - A Porta do Vento (Baarìa, 2009) é uma continuação da história do menino apaixonado pela sétima arte. Ou melhor, é uma refilmagem, mostrando agora a paixão de um outro garoto italiano (Peppino Tornatore) pela política e, principalmente, pela sua terra natal, a Baaria, subúrbio de Palermo, na Sicília (Itália). Ou deveria dizer que é um prelúdio, já que o filho de Peppino é, ele também, apaixonado por cinema?

Baaria - A Porta do Vento

Baaria - A Porta do Vento

Baaria - A Porta do Vento

O filme é grandioso, mostrando 50 anos da história da região, desde o regime fascista de Mussolini - bastante odiado segundo a ótica do cineasta - passando pelo pós-guerra, o fortalecimento da máfia e o crescimento do comunismo na Itália. O desenvolvimento da cidade e o "progresso" são mostrados a conta-gotas, com os bois que são puxados pela rua no início do filme dando lugar a carros e o caótico trânsito italiano.

As passagens de tempo são não lineares e acontecem durante todo o filme, indo e voltando na história dos Tornatore. Mas o personagem principal é mesmo Peppino, que na sua versão adulta é interpretado por Francesco Scianna. Desde jovem ele é apaixonado por Mannina (Margareth Made), que desrespeita até mesmo a palavra do seu pai para ficar com o amor de sua vida. Juntos, os dois passam por muitos momentos de privações até que Peppino consegue solidificar sua carreira na política, no Partido Comunista da Itália.

Porém, ao contrário do que se poderia imaginar, todo o pano de fundo político serve mesmo apenas de cenário. A cada momento em que se imaginaria um aprofundamento maior nas questões da máfia, da reforma agrária ou da viagem de Peppino para um treinamento na União Soviética, o diretor puxa a história para a sua raiz, focando apenas no que acontece na vida de Peppino. É como se fosse um Forrest Gump italiano em que os momentos importantes na história do país fossem desimportantemente deixados de lado. O que é uma pena.

Em tempos de Passione, mais uma macarrônica novela da Globo, é interessante notar como Margareth Made se parece Maria Fernanda Cândido e como Francesco Scianna é a cara de um Paulo Betti mais novo. Mas paremos com as comparações, pois as interpretações italianas são superioras ao que se vê diariamente nas novelas das 20h. Francesco, aliás, surpreende no final do filme, quando aparece bem mais velho.

Baaria - A Porta do Vento trata-se da mais cara produção italiana, com centenas de extras em algumas cenas, Ennio Morricone fazendo a trilha sonora e minúsculas participações de luxo de renomados atores italianos como Michele Placido, Luigi Lo Cascio, Monica Bellucci, Raoul Bova e Paolo Briguglia. Mas não se engane. Apesar de cheio de amor e emoção como um domingo comendo macarronada na casa da "nona", o filme é também igualmente histérico e muitas vezes você vai se pegar imaginando como seria melhor se durasse menos tempo.

Saiba onde Baaria - A Porta do Vendo está passando

Nota do Crítico
Bom