
Esta experiência não é fictícia. Aconteceu com um jovem de Curitiba nos anos 70. Austregésilo Cerrano Bueno pegou todas estas experiências e criou um livro, Cantos Malditos. Desta obra, a diretora Laís Bodanzky e o roteirista Luiz Bolognesi construíram um dos melhores dramas nacionais. Não é à toa que Bicho ganhou nove prêmios no festival de cinema de Brasília e mais nove em Recife (entre eles melhor filme, direção e ator).
É verdade: ri melhor quem ri por último
Rodrigo Santoro, famoso pelas participações em novelas da Rede Globo, protagoniza pela primeira vez um longa-metragem. Sua atuação beira a perfeição. No Festival de Brasília, ele foi vaiado antes da exibição do filme pelo simples fato de ser um galã global. Ao final da sessão, todos aplaudiram de pé.
A fotografia também merece destaque. A câmara estava quase sempre à mão. Nada de gruas ou carrinhos e raramente utilizou-se do tripé. Tudo feito como se estivessem rodando um documentário. Este movimento deixa o espectador quase na posição de personagem. A imagem e o já citado som andam de um lado para o outro, mostrando tudo o que está à sua volta.
Sem perder o foco
Foram quase quatro anos entre a "descoberta" do livro e a finalização do filme, na Itália. No processo de pesquisa foi constatado um número significativo de mulheres internadas após traírem seus maridos e um alto percentual (12%) de "loucos" confinados pelo alcoolismo. É exatamente contra isso que o escritor Austregésilo luta até hoje: internações desnecessárias e tratamentos a base de drogas e eletrochoques. Isso sim deixa qualquer um insano.
O Bicho de 7 Cabeças (RioFilme/Columbia) - Drama/Nacional
O Bicho de 7 Cabeças. Brasil, 2001. Dir. Laís Bodanzky. Com Rodrigo Santoro, Othon Bastos, Cássia Kiss, Jairo Mattos, Caco Ciocler, Luis Miranda, Valéria Alencar. Duração: 1h20
Imagens © 2001 Rio Filme/Columbia
Imagem de São Paulo gentilmente cedida pelo site www.sampacentro.com.br