Bridget Jones: No limite da razão (Bridget Jones: The edge of reason, de Beeban Kidron, 2004) começa exatamente 6 semanas, 4 dias e 7 horas depois do fim de O diário de Bridget Jones (Bridget Jones´s Diary, de Sharon Maguire, 2001). O casal formado por Bridget (Renée Zellweger) e Mark Darcy (Colin Firth) está curtindo seus momentos de lua-de-mel.
Bridget Jones: No Limite da Razão
Bridget Jones: No Limite da Razão
O problema é: como continuar uma história que terminou num "...e viveram felizes para sempre"? A tentativa de resposta poderia ser boa, mostrando que até mesmo os príncipes encantados têm os seus momentos de sapo enfeitiçado. Afinal, muito mais difícil do que conseguir achar a cara-metade, é mantê-la (e manter-se) feliz ao seu lado.
Assim, a história vai da paixão total e "eterna", capaz de fazer a moça enviar um torpedo de celular logo após se despedir do amado, à desconfiança de que ele está tendo um caso com uma menina mais nova, linda, magra, inteligente e de longas pernas (Jacinda Berrett, como Rebecca), características capazes de destruir qualquer auto-estima e, sejamos sinceros, vários relacionamentos. Tudo isso, somado aos conselhos sempre equivocados dos amigos, faz com que a dúvida sobre o amor se instale de vez na cabeça de Bridget. Para embaralhar ainda mais as idéias, ela não apenas volta a se encontrar com Daniel Cleaver (Hugh Grant - mais sacana do que nunca), como os dois acabam viajando para a Tailândia, onde muita coisa vai acontecer.
Mas na tentativa de levar Bridget a um novo patamar, o roteiro de No limite da razão descaracteriza a personagem. No primeiro filme, a inglesa rechonchuda representava algumas angústias gerais das mulheres modernas ao lutar para largar o cigarro, beber menos, perder uns incômodos quilinhos, se dar bem profissionalmente e arranjar um namorado. Agora, ela está totalmente desengonçada, sem contar que está ainda mais "fofinha" (Zelwegger ganhou 14 quilos, contra 8kg do filme anterior). Ou seja, ela passou de heroína de uma geração a boba da corte.
Claro que sendo a nova Bridget uma patetona, o público vai conseguir se divertir, afinal, trapalhadas não faltam. Mas deixando de lado o drama pessoal para cair (de bunda, que é mais pastelão) na comédia barata, o filme perde sua maior força, a identidade com o público feminino que pensa. Algumas pessoas poderão defendê-la dizendo que "agora ela não liga para mais nada, pois está apaixonada e é o coração quem manda", mas como explicar a cena em que ela está ensinando presidiárias tailandesas a cantar "Like a virgin", da deusa pop Madonna?