A comédia romântica não é um gênero marcado por inovações - ao contrário: normalmente repete a fórmula "boy meets girl", o famoso "menino conhece menina". Às vezes, no entanto, o gênero produz ótimos filmes, apostando na ideia de que o essencial não é o que acontece no final, mas como os personagens chegaram até lá.
cartas para julieta
cartas para julieta
Cartas para Julieta (Letters to Juliet, 2010) segue essa linha e sua premissa traz elementos que poderiam render um bom romance. Amanda Seyfried vive Sophia, uma estadunidense que vai passar férias com seu noivo (Gael García Bernal) em Verona, a charmosa cidade italiana que serviu de cenário para a célebre história de amor de Romeu e Julieta. Ao visitar a casa de Julieta, um dos pontos turísticos da cidade, Sophia se depara com uma parede cheia de cartas, em que mulheres apaixonadas pedem a Julieta que as ajude com seus problemas no amor. Ela então descobre que, diariamente, as cartas são recolhidas e respondidas por um grupo de voluntárias. Sophia passa a ajudá-las e acaba encontrando uma carta datada de 1951, escrita por uma inglesa que se apaixonou por um italiano em sua juventude, mas deixou escapar a oportunidade de ficar com ele. Ela então decide responder a carta de meio século, promovendo o amor verdadeiro. Empolgada com o conselho da carta, Claire Smith (Vanessa Redgrave) - hoje uma senhora - retorna à Itália para encontrar a paixão de sua adolescência e assim Sophia, Claire e seu neto Charlie (Christopher Egan) embarcam em uma viagem para procurar o tal Lorenzo Bartolini. Nesse momento, a comédia romântica ganha ares de road movie, mostrando bonitas paisagens da Toscana.
Mesmo que minimamente interessante, o roteiro de José Rivera (Diários de Motocicleta) e Tim Sullivan peca pela previsibilidade excessiva. O começo do filme já mostra todos os elementos que serão resolvidos no desfecho - se a protagonista sonha em ser promovida de checadora de fatos à repórter da revista The New Yorker, o que será que vai acontecer? Essa previsibilidade é acentuada pela direção de atores. Enquanto Seyfried e Redgrave convencem em seus papéis, parece que o diretor Gary Winick (De repente 30) deixou de lado o elenco masculino. A atuação de Christopher Egan é sofrível e até Gael García Bernal, normalmente um excelente ator, atua no automático e deixa claro em seus primeiros minutos de tela o destino de seu personagem.
Contar de antemão o que acontece com os personagens não é necessariamente um problema - até William Shakespeare optou por contar no prólogo de Romeu e Julieta que o casal protagonista morria no final. O problema de Cartas para Julieta é que o discurso do amor verdadeiro parece vazio e bobinho sem atuações intensas e que transmitam alguma veracidade.
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