Alardeado como possível candidato a vários Oscar em 2010, Educação (An Education) é um bem divulgado fogo de palha.
Sedução
A história da menina colegial Jenny (Carey Mulligan), melhor estudante da sala, que se apaixona pelo playboy mais velho David (Peter Sarsgaard), não tem nada de novo. É uma revisão de histórias inúmeras vezes contadas nas telas. Com bons atores, é verdade, mas mera revisão.
A diretora dinamarquesa Lone Scherfig (Meu irmão quer se matar) faz um cinema de cartilha a partir de texto do incensado Nick Hornby (Alta Fidelidade e Um Grande Garoto). O escritor britânico adapta as memórias da jornalista Lynn Barber e testa sua mão em um filme de época, passado no início da década de 1960 nos superconservadores subúrbios londrinos.
É interessante a maneira como Hornby consegue encaixar sua maneira de escrever naquele ambiente. Sua pegada pop é transportada ao tempo dos beatniks e sedutoras cantoras francesas. A menina Jenny também tem sua contemporaneidade, uma espécie de Juno de época, com linguagem própria, humor veloz e inteligência ingênua.
É um belo trabalho de Mulligan. Mas Alfred Molina, que vive o pai, e Sarsgaard (uma versão jovem de John Malkovich), estão muito melhores. Já as ótimas Olivia Williams e Emma Thompson foram subaproveitadas como a professora e a diretora da escola. A luta da menina por mudanças na escola tradicionalista, na qual as duas atrizes são essenciais, parece totalmente perdida, perdendo todo o foco para o pseudo-choque da previsível reviravolta do clímax. Afinal, espera-se o filme inteiro o momento em que Peter enfim revelará sua verdadeira história.
É tudo muito competente, o valor de produção salta aos olhos e o elenco se destaca. Porém, a mensagem moralista e a mesmice da trama são absolutamente desagradáveis. Não consigo entender o fascínio pelo filme. Talvez o cinema precise de uma história assim a cada dois anos, algo que gere identificação imediata com a audiência. Mas elevar algo como Educação ao status de um dos melhores filmes do ano é um pouco demais.
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