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Crítica

Crítica: Eu e Meu Guarda-Chuva

Atuações fracas comprometem filme infantil

07.10.2010, às 18H31.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H09

Exceção feita a Dakota Fanning, que é uma adulta em corpo de criança, os astros mirins despontam e somem por aí porque dependem de bons diretores para que elas continuem se divertindo mesmo enquanto estão trabalhando, no caso, atuando. Para elas, aquilo não deve ser um dia no trabalho, mas sim uma brincadeira de faz de conta que pode incluir inúmeros takes tomando um sorvete ou fugindo de um monstro. Prova recente da cumplicidade entre ator e diretor é o trabalho de Spike Jonze e Max Records no filme Onde Vivem os Monstros, que pode ter seus problemas, mas tem uma direção de atores incrível.

Eu e Meu Guarda-Chuva

Eu e Meu Guarda-Chuva

Eu e Meu Guarda-Chuva

Não é o caso de Eu e Meu Guarda-Chuva (2010). Em diversos momentos do filme o texto sai declamado das bocas dos jovens atores, puxando o público de volta para a realidade de que estamos sentados em uma sala escura vendo imagens sendo exibidas em um telão a 24 quadros por segundo. Não há espontaneidade nem realismo em muitas das cenas que estamos vendo ali - e obviamente não estou falando do realismo da história, que é uma fantasia, que vai da lenda urbana ao sonho.

A saber, a trama mostra três amigos - Eugênio (Lucas Cotrim), Frida (Rafaela Victor) e Cebola (Victor Froiman) - no seu último dia de férias. Pior: além de voltar às aulas na manhã seguinte, os três amigos vão começar em um novo colégio. E lá, dizem, é um lugar assombrado pelo fantasma do fundador da escola, o Barão Von Staffen (Daniel Dantas), que adorava fazer perguntas aos alunos e deixar de castigo os que errassem a resposta. Até que um dia ele encontrou pela frente um aluno tão ruim e que errou tantas perguntas que o barão acabou surtando e morrendo. Mas seu fantasma continua por ali e ainda faz suas perguntas aos alunos que cruzam o seu caminho, levando para sabe-se-lá-onde os que erram.

Movidos por um espírito aventuresco, os três resolvem invadir o novo colégio e pixá-lo, para ganhar o respeito dos outros alunos já no primeiro dia de aula. O plano, porém, não sai como planejado e os amigos acabam conhecendo muito mais do que os longos corredores do lugar.

O roteiro, adaptado de livro escrito por Branco Mello, Hugo Possolo e Ciro Pessoa, é cheio de situações interessantes e reviravoltas que devem prender a atenção das crianças - e até dos adultos. Toca-se, por exemplo, nas inseguranças da puberdade, da vontade de tentar o primeiro beijo e não ser correspondido e do já citado medo de começar em um lugar onde você não conhece ninguém e ninguém te conhece. Mas nem isso compensa as derrapadas da falta de emoção das lutas (custava ensaiar uma coreografia menos Trapalhões?), do humor muitas vezes sem-graça e da falta de emoção de um final mais climático. O resultado final fica parecendo um episódio antigo do Scooby-Doo... sem o desmascaramento de que o fantasma na verdade era o mordomo. E desta vez nem dá para sair gritando "teria dado certo, se não fossem essas crianças e esse maldito cachorro!".

Nota do Crítico
Regular