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Crítica

Crítica: Meu Malvado Favorito

Novo estúdio de animação faz aposta certeira na sua estreia

05.08.2010, às 17H46.
Atualizada em 08.11.2016, ÀS 07H06

Chegar ao topo é difícil. Se manter por lá é ainda mais complicado. E este é o primeiro desafio de Gru, personagem principal de Meu Malvado Favorito (Despicable Me), dublado originalmente por Steve Carrel. O mal encarnado, ele usa suas poderosas armas até mesmo para comprar café na esquina. Seus gigantes e amedrontadores veículos passeiam pelas ruas e destróem tudo por onde passam. Até seu bichinho de estimação é mau. Mas seus dias de reinado parecem que estão contados quando surge Vetor (Jason Segel), um novo e mais ambicioso ladrão, que consegue roubar as pirâmides do Egito.

Meu Malvado Favorito

Meu Malvado Favorito

Meu Malvado Favorito

Para voltar a ser o inimigo público número 1, Gru tem um novo plano: vai roubar a lua! Tudo o que ele precisa agora é arranjar formas de colocar seu plano em ação. Ao tentar um empréstimo com o Banco dos Vilões, esbarra na sua atual falta de prestígio - além de outros problemas que é melhor não citar aqui. Só lhe resta uma alternativa: reunir uma dúzia dos seus melhores Minions (criaturas amarelas e não muito inteligentes que servem de ajudantes e cobaias - além de serem altamente rentáveis como produtos de licenciamento devido ao seu alto carisma) e invadir o QG do Vetor para roubar a pistola de raio encolhedor, tarefa que se mostra bastante difícil.

A única brecha na segurança do local é a paixão que Vetor tem pelos biscoitinhos caseiros vendidos pelas meninas do orfanato local, Margo, Edith e Agnes. E com isso em mente, Gru decide adotar as três, sem saber onde estava se metendo.

A animação marca a estreia da Illumination Entertainment, empresa fundada por Chris Meledandri, ex-presidente da 20th Century Fox Animation, que lançou A Era do Gelo, Robôs, Os Simpsons, Horton e o Mundo dos Quem, Alvin e os Esquilos, entre outros. De inexperiente, Meledandri não tem nada e usa o que aprendeu com os projetos anteriores para fazer um filme certeiro, com roteiro redondinho e que certamente vai agradar às crianças e também aos pais e tios que os levarem aos cinemas. Os personagens vão, cena a cena, ganhando o público.

Gostar de pequenos bichinhos amarelos e desengonçados é fácil, mas a equipe francesa liderada por Pierre Coffin e Chris Renaud consegue também criar uma empatia entre o público e o vilanesco Gru, mostrando um pouco dos motivos que o levaram a ser quem ele é. E, acredite, isso é um mérito gigantesco. Se o projeto tivesse caído em mãos menos habilidosas, a história de Gru com sua mãe poderia facilmente pender para o chato ou pedante. Aqui, ela é apenas mais um elemento cômico.

Para cuidar da animação, ele não contratou centenas de pessoas. Preferiu manter seu escritório pequeno em Hollywood e trabalhar com um estúdio de animação terceirizado. Meledandri diz que assim conseguirá escolher sempre as pessoas certas para cada projeto. E ao ver o que os franceses do estúdio Mac Guff Ligne desenvolveram, fica difícil discordar. O 3-D usa bem a profundidade e, na cena da montanha russa, coloca o espectador no meio da ação, sem precisar jogar nada na cara do público. E vale a pena também esperar até o final, quando os minions voltam para brincar mais com a terceira dimensão.

Meledandri tem contrato de distribuição com a Universal e já está desenvolvendo outros projetos, como a mistura de animação com atores de George, o Curioso, a animação com coelhos Hop (prevista para 2011) e mais uma adaptação de uma história do Dr. Seuss, The Lorax (março 2012). Com essa pegada mais comercial, a Illumination Entertainment estreou em primeiro lugar nos Estados Unidos e se tornou um dos filmes do verão no Hemisfério Norte. Ainda está longe do topo do mundo das animações, mas deu o primeiro - e mais difícil - passo.

Nota do Crítico
Ótimo