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Crítica

Crítica: Nova York, Eu Te Amo

Doze maneiras de amar e ser amado na Big Apple

26.10.2009, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H54

Mesmo tendo passado quase minha vida inteira em uma megalópole, São Paulo, não dá muito bem pra explicar a sensação que senti ao pisar pela primeira vez em Nova York.

Era dezembro de 2000, eu não tirava férias há uma década e sempre sonhara em visitar aquela que é uma das cidades mais queridas do planeta. Pois a Big Apple não me decepcionou.

A fumaça misteriosa saindo dos bueiros, cortada por um apressado táxi amarelo evocava Taxi Driver. O Central Park nevado parecia saído de um filme de Woody Allen. Os leões da Biblioteca Municipal davam a impressão que se eu olhasse para trás daria de cara com os Caça-Fantasmas. E os onipresentes edifícios Empire State e as Torres Gêmeas dominavam a paisagem, fazendo lembrar King Kongs de décadas distintas.

Voltei mais duas vezes pra lá. A última em agosto passado. E apesar de notórias ausências na paisagem, aquilo que eu senti em 2000 só aumentou.

De uma maneira estranha você acredita que pertence a NY... e ao mesmo tempo a cidade pertence a todo mundo, inclusive a cineastas como Mira Nair, Fatih Akin, Allen Hughes, Brett Ratner, Yvan Attal, Jiang Wen, Shunji Iwai, Shekhar Kapur, Randy Malsmeyer e Joshua Marston, além da estreante atrás das câmeras Natalie Portman, que assinam os doze curtas de Nova York, Eu Te Amo (New York, I Love You).

Com tantos nomes na direção, obviamente altos e baixos eram esperados. Mira Nair e Joshua Marston fazem dois dos melhores. Já Brett Ratner destoa como luzes neon e freios ABS em uma das carruagens turísticas do Central Park. Observando os talentos que estão ao seu lado não dá nem pra entender o que ele faz ali.

De qualquer maneira, mal dá tempo de sentir o deslocamento de Ratner. Diferente de Paris, Eu Te Amo, que originou a série Cities of Love, idealizada pelo francês Emmanuel Benbihy, este segundo projeto busca uma forma menos engessada de contar histórias inspiradas pela cidade. Se o primeiro tinha cartelas entre cada filminho, este mistura personagens e histórias, resultando em um apanhado orgânico de cenas. Para auxiliar nessa composição, uma personagem "coringa", videoartista, vaga ao longo dos curtas, registrando-os.

União à parte, cada segmento tem sua própria identidade e carrega a marca de seu realizador. Através da montagem, os filmes são perfeitamente combinados entre si... como se fossem prédios diferentes em uma vizinhança multicultural. Todos tratam do mesmo tema, afinal: o amor, algo que pessoas de qualquer raça, origem ou crença entendem. Não é por acaso que em determinado momento alguém diz que "o que mais gosto em Nova York é que todo mundo aqui veio de outro lugar". Relacionar-se - e amar - Nova York é mesmo muito fácil.

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Nota do Crítico
Ótimo