Mesmo tendo passado quase minha vida inteira em uma megalópole, São
Paulo, não dá muito bem pra explicar a sensação
que senti ao pisar pela primeira vez em Nova York.
Era dezembro de 2000, eu
não tirava férias há uma década e sempre sonhara em
visitar aquela que é uma das cidades mais queridas do planeta. Pois a Big Apple não me decepcionou.
A fumaça misteriosa saindo dos bueiros, cortada por um apressado táxi amarelo evocava Taxi Driver. O Central Park nevado parecia saído de um filme de Woody Allen. Os leões da Biblioteca Municipal davam a impressão que se eu olhasse para trás daria de cara com os Caça-Fantasmas. E os onipresentes edifícios Empire State e as Torres Gêmeas dominavam a paisagem, fazendo lembrar King Kongs de décadas distintas.
Voltei mais duas vezes pra lá. A última em agosto passado.
E apesar de notórias ausências na paisagem, aquilo que eu senti
em 2000 só aumentou.
De uma maneira estranha você acredita que pertence a NY... e ao mesmo tempo a cidade pertence a todo mundo, inclusive a cineastas como Mira Nair, Fatih Akin, Allen Hughes, Brett Ratner, Yvan Attal, Jiang Wen, Shunji Iwai, Shekhar Kapur, Randy Malsmeyer e Joshua Marston, além da estreante atrás das câmeras Natalie Portman, que assinam os doze curtas de Nova York, Eu Te Amo (New York, I Love You).
Com tantos nomes na direção, obviamente altos e baixos eram esperados. Mira Nair e Joshua Marston fazem dois dos melhores. Já Brett Ratner destoa como luzes neon e freios ABS em uma das carruagens turísticas do Central Park. Observando os talentos que estão ao seu lado não dá nem pra entender o que ele faz ali.
De qualquer maneira, mal dá tempo de sentir o deslocamento de Ratner. Diferente de Paris, Eu Te Amo, que originou a série Cities of Love, idealizada pelo francês Emmanuel Benbihy, este segundo projeto busca uma forma menos engessada de contar histórias inspiradas pela cidade. Se o primeiro tinha cartelas entre cada filminho, este mistura personagens e histórias, resultando em um apanhado orgânico de cenas. Para auxiliar nessa composição, uma personagem "coringa", videoartista, vaga ao longo dos curtas, registrando-os.
União à parte, cada segmento tem sua própria identidade e carrega a marca de seu realizador. Através da montagem, os filmes são perfeitamente combinados entre si... como se fossem prédios diferentes em uma vizinhança multicultural. Todos tratam do mesmo tema, afinal: o amor, algo que pessoas de qualquer raça, origem ou crença entendem. Não é por acaso que em determinado momento alguém diz que "o que mais gosto em Nova York é que todo mundo aqui veio de outro lugar". Relacionar-se - e amar - Nova York é mesmo muito fácil.
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