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Crítica

Crítica: O Aprendiz de Feiticeiro

Nem peruca despenteada de Nicolas Cage salvam fantasia da mesmice

12.08.2010, às 17H48.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H06

A Disney é conhecida por seus contos de fadas, histórias que começam com "Era uma vez..." e terminam com "...e viveram felizes para sempre". Então, desde o começo você já sabe como tudo vai terminar. O que varia são os personagens. Em O Aprendiz de Feiticeiro (The Sorcerer's Apprentice, 2010), o personagem principal é Dave (Jay Baruchel). Quando tenta ganhar o coração da menina por quem é apaixonado, ele acaba se envolvendo "em muitas confusões" (© Sessão da Tarde) ao entrar em uma loja de antiguidades.

O Aprendiz de Feiticeiro

O Aprendiz de Feiticeiro

O Aprendiz de Feiticeiro

Lá está Balthazar Blake (Nicolas Cage), que vê na "coincidência" do menino estar ali a chance de encontrar o primeiro merliano, seu sucessor nas artes da feitiçaria iniciadas pelo seu mestre, o próprio Merlin. A única forma de saber se Dave é o escolhido é colocar no seu dedo um anel de dragão. O artefato metálico logo se enrola no dedo do incrédulo garoto e confortavelmente se instala. Mas antes que Balthazar consiga explicar o que está acontecendo surge no apertado e empoeirado lugar Maxim Horvath (Alfred Molina). Começa então uma batalha cheia de raios, explosões e fogos.

Dave consegue escapar por pouco, mas o trauma de ter visto tudo aquilo lhe atormenta o resto da infância. Passados 10 anos, ele está na faculdade e reencontra o seu grande amor, Becky Barnes (Teresa Palmer). Mas junto com ela, voltam à sua vida também Balthazar e Horvath. Agora finalmente vamos poder entender quem eles são e o porquê de sua milenar rixa. Dave começa a aprender mais sobre os truques mágicos e pegar gosto pelo poder que carrega no dedo ao mesmo tempo em que tenta conquistar o coração de Becky.

No começo, o filme parece carregar alguns elementos de Harry Potter ao pregar o uso da feitiçaria da forma mais invisível possível para os humanos, mas passados alguns minutos parece que os roteiristas se esquecem disso e começam a dar vida a objetos clássicos de Nova York, como as águias metálicas no topo do Chrysler Building ou o touro de ferro de Wall Street, lembrando mais a série Uma Noite no Museu.

Baruchel, magrelo e desengonçado, combina com o Dave do começo do filme, um todo atrapalhado nerd estudante de física. Mas à medida que o filme vai se desenvolvendo, era esperado que ele fosse ganhando mais confiança e amadurecendo gradativamente, como acontece com Shia LaBeouf em Transformers ou Michael Cera em Scott Pilgrim Contra o Mundo. Mas, não, ele continua sendo chorão até quase o final e não convence quando finalmente aparece para salvar o dia.

Além da falta de coerência e de desenvolvimento de personagens, o roteiro também erra a mão nos momentos cômicos. São vários espalhados nos 111 minutos do filme e a maioria deles vai arrancar no máximo aquela bufadinha tipo "humpf", salvando apenas uma boa piada, envolvendo Star Wars. Méritos de verdade apenas para a sequência que presta homenagem ao clássico Fantasia, aquela em que Mickey abusa dos seus poderes e coloca as vassouras e baldes limparem a sala de Merlin. Além, é claro, da peruca de Nicolas Cage, que sempre é uma alegoria a ser apreciada. Não importa o papel, Cage parece estar se divertindo. E aqui, sussurrando e fazendo pose de maluco, parece estar mais à vontade ainda.

Sobre o felizes para sempre, ele vem. Assim como a cena escondida após os créditos, que é a ponta solta necessária para uma continuação. Mas para sermos felizes para sempre mesmo, é preferível que Aprendiz de Feiticeiro 2 não venha.

Nota do Crítico
Ruim