Tom Cruise é um cara certinho demais. Até mesmo quando ele interpreta um nazista, o faz como o oficial do exército alemão que tentou (em vão) matar o maior inimigo da história contemporânea, Adolf Hitler (David Bamber). Nem mesmo a devoção com que se dedicou à sua nova religião arranhou seu carisma e bom-mocismo. Prova disso é o fascínio que causa nas pessoas ao redor do mundo. No Japão é quase deus. No Reino Unido, o rei do tapete vermelho. Aqui no Brasil, até "jornalista" pediu para tirar foto ao seu lado.
Operação Valquíria
Operação Valquíria
Operação Valquíria
Para quem não sabe, ele veio ao país desfilar seu sorriso pelo Rio de Janeiro, ao lado da esposa Kate Holmes e a filhinha Suri, e divulgar Operação Valquíria (Valkyrie, 2008), novo filme de Bryan Singer (X-Men 1 e 2 e Superman O Retorno). A trama da produção germano-americana começa na África, onde o coronel Claus von Stauffenberg (Cruise) escreve no seu diário o que pensa sobre o Führer e a Guerra. Para ele, está na hora de acabar logo com tantas mortes e salvar a integridade da Alemanha - ou o que ainda existe dela.
Aos olhos de muitos alemães, o simples fato dele pensar contra o Reich já o tornaria um traidor. Mas olhando do ponto de vista de quem saiu vencedor da Guerra é fácil vê-lo como um destemido soldado, quase um mártir. É aquela velha história do inimigo do seu inimigo, que acaba sendo seu amigo.
E ele não está sozinho. Há um grupo com outros oficiais do exército alemão e civis dispostos a matar Hitler e reconstruir a Alemanha. Mas nem todos eles têm o mesmo ideal altruísta de Stauffenberg. Alguns ali só querem o poder. E assim, logo depois que seu último plano de assassinato falha, eles começam a imaginar uma nova forma de acabar com o já debilitado Hitler e seu regime. A saída imaginada pelo coronel inclui usar um plano de contingência criado pelo próprio Führer para dar um golpe de Estado, prender os oficiais da SS e tomar o poder usando os reservistas. É a tal Operação Valquíria do título.
Escrito por Christopher McQuarrie e Nathan Alexander como um thriller com pano de fundo histórico, o filme funciona pouco na hora de construir o suspense e um dos motivos é óbvio: já sabemos como vai acabar. Resta então seguir os golpistas e ver o que foi que deu errado. E é nessa hora que o filme consegue empolga. Este sim é o grande mistério, e deveria ter sido mais explorado.
Se há pequenas falhas na hora de contar a história, dando até mesmo poucas informações sobre o passado do von Stauffenberg, o mesmo não se pode dizer da História. É visível na tela toda a preocupação de Singer e sua equipe com a impecável de reconstrução de figurinos e cenários, fruto de muito estudo e trabalho por parte da produção, principalmente da Direção de Arte.
O segredo para gostar do filme, então, é não esperar mais um filme sobre o Holocausto, tema tão comum nessa época de Oscar. Operação Valquíria funciona melhor para aquelas pessoas que vão atrás do novo filme do ídolo. E nesse ponto, uma coisa tem de ser dita: não é o filme que vai causar uma reviravolta na carreira de Tom Cruise (como teria sido se ele tivesse matado o Hitler), mas também não lhe fará mal.
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