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Crítica

Crítica: Os Fantasmas de Scrooge

História com mais de um século e meio é adaptada com tecnologia de amanhã

05.11.2009, às 16H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H54

Um Conto de Natal, uma das obras mais conhecida de Charles Dickens, já ganhou dezenas de adaptações para as telas. O texto de 1843 virou filme, um curta-metragem, pela primeira vez logo na aurora do cinema, em 1910, pela Edison Manufacturing Company.

Os Fantasmas de Scrooge

Os Fantasmas de Scrooge

Os Fantasmas de Scrooge

Desde então, o conto teve as mais diversas interpretações. Dos Muppets a Bill Murray, passando por Tio Patinhas e Matthew McConaughey, o velho Scrooge ganhou versões em todos os gêneros e com maior ou menor grau de fidelidade ao original. Dessa forma, o clássico natalino avança através das eras. Do cinema mudo e preto e branco, ganhou som, depois cor, efeitos especiais... e agora estreia na mais avançada tecnologia disponível no mercado, o 3-D estereoscópico com captura de movimentos e projeção em IMAX.

Robert Zemeckis, que já explorou essa tecnologia toda em O Expresso Polar e a aperfeiçoou em A Lenda de Beowulf, agora atinge pleno domínio da técnica. Mas ainda que Um Conto de Natal tenha virado o high-tech Os Fantasmas de Scrooge - surpresa! -, ele mantém todo o teor melodramático do original.

A história é a velha conhecida de sempre. O velhote avarento Ebenezer Scrooge trata mal os empregados e a pouca família que tem, já que considera o Natal uma festa sem sentido. Mas na véspera da festividade é visitado pelo fantasma de seu velho sócio, que avisa: ele será visitado por três outros fantasmas que lhe mostrarão os Natais passados, o Natal presente e os Natais vindouros. E Scrooge embarca em uma jornada sobrenatural para aprender o significado da família, amigos e da compaixão.

A marca Walt Disney Company que estampa o filme e a contratação de Jim Carrey para dublar e interpretar Scrooge e todos os fantasmas (a versão brasileira tem a voz de Guilherme Briggs) , podem até prenunciar um filme leve, familiar. Mas o resultado é sombrio, dramático e assombroso em diversos momentos.

Claro, Zemeckis insere elementos aventurescos na produção - como os alucinados travelings aéreos a cada vez que um fantasma apanha o pobre Scrooge pela mão ou algumas perseguições cheias de suspense -, mas isso é pura pirotecnica. É no drama que o filme se sustenta.

Gary Oldman como o ajudante Bob Cratchit está perfeito. Quando o sofrimento do personagem e sua família começa dá até pra esquecer o visual levemente caricato das pessoas. E Zemeckis filma como diretor iraniano, com longos planos-sequência, jogando pela janela nessas cenas tudo o que se entende por "cinema blockbuster" e seus planos de 7 segundos no máximo. Ele fica ali, movendo a câmera colada nos rostos, evidenciando a profundidade e registrando aquele teatro todo, cortando apenas quando realmente necessário, para trocar radicalmente um ângulo ou cena. Como se não bastasse, ainda dá ao público momentos nunca vistos no cinema 3-D. A cena expressionista em que Scrooge acende a vela, surgindo em primeiro plano da escuridão, é de enorme beleza.

Fica a dúvida, porém, em relação ao público-alvo do filme. Definitivamente não é uma história para crianças. Há sustos, muita vertigem e lamentação. Mas os adultos já conhecem de cor a trama, não se surpreendem mais com a técnica e podem se aborrecer com as citadas exageradas viagens aéreas pela cidade vitoriana. Assim, quem pode se interessar por este Os Fantasmas de Scrooge? Ele é bonito e fiel à obra, mas a história está velha. Cobri-la de pixels que saltam à vista só traz modernidade por um ângulo...

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Nota do Crítico
Ótimo