Você conhece a expressão "tem elefante na sala de estar"? Ela se refere a algo óbvio, mas que ninguém quer comentar, como a estranha presença do paquiderme em um ambiente familiar. Pois bem, vamos tirar logo o orelhudo daqui: Sete Vidas (Seven Pounds, 2008) é um daqueles dramas criados para fazer chorar. Pronto? Pegou a sua caixa de lenço de papel e está preparado? Então vamos lá!
Sete Vidas
Sete Vidas
Sete Vidas
Tudo começou com o roteiro escrito por Grant Nieporte, que fala de um agente da Receita dos Estados Unidos chamado Ben Thomas (Will Smith). Ele está disposto a achar sete pessoas dignas de serem ajudadas, dando-lhes um tempo extra de se acertar com o leão do fisco. Isso se ele for com as suas caras e tiver certeza de que eles não estão tentando passar a perna no governo por mal, mas sim porque realmente precisam de ajuda para voltar a se encaixar na sociedade.
Seu plano corria bem, até que ele conhece Emily Posa (Rosaria Dawson), uma tipógrafa com problemas cardíacos (e um carismático dogue alemão). Como uma sombra, Ben a segue enquanto a investiga. Quando ela percebe que tudo o que ele quer é realmente ajudá-la, Emily se abre. Em troca, esperava o mesmo do seu novo "amigo". Mas ele, por sua vez, prefere manter-se afastado, ajudando sem ser ajudado.
As barreiras entre eles começam a cair ao mesmo tempo em que vão sendo reveladas as reais intenções e motivações por trás de Ben - e o seu passado. O filme é todo montado com vai-véns temporais, que vão mostrando pequenas peças do quebra-cabeça que é a vida do nosso protagonista. Desse suspense inicial vamos ao romance e, enfim, ao drama que motivou tudo.
Contando essa história, Will Smith confirma mais uma vez seus dotes de ator dramático, como fez ao interpretar Muhamad Ali e na sua primeira vez com o cineasta italiano Gabriele Muccino, que o dirigiu em A Procura da Felicidade (The Pursuit of Happyness, 2006). Mas é Rosaria Dawson quem se sobresssai e desta vez não é pelo seu jeito sexy, mas sim pela ótima atuação. Na véspera de completar seus 30 aninhos, Rosario pode ter aqui dado um grande passo para fazer sua carreira tomar um caminho mais sério e dramático.
Vale, porém, um parágrafo sobre o desfecho de Ben. Críticos renomados têm dito por aí o ator exagerou desta vez, que está tentando ser Deus ou qualquer outro salvador da humanidade. Mas se formos vasculhar um pouco a vida pessoal de Smith procurando por fofocas de sua vida pessoal, podemos ver que ele já ajudou muito a si mesmo (após o divórcio com sua ex) e à sua atual esposa, Jada Pinkett Smith, que aparentemente disse por aí ter sido Will o motivo dela largar uma "vida fácil". Ele pode não ser o deus maior, que vai salvar a humanidade, mas aos poucos vai dando o seu recado.
Voltando ao filme, nos últimos minutos, você vai ficar torcendo para que sua inteligência tenha te deixado na mão e tudo aquilo que você imagina que vai acontecer não se concretize. De novo, pegue sua caixa de lenço de papel. Mas fique alerta, pois o choro também pode ser de raiva e/ou incredulidade.