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Deu a Louca na Chapeuzinho | Crítica

Deu a Louca na Chapeuzinho

12.10.2006, às 00H00.
Atualizada em 08.11.2016, ÀS 12H03

Deu a Louca na Chapeuzinho
Hoodwinked
EUA, 2005
Animação - 80 min

Direção: Cory Edwards
Roteiro: Cory Edwards, Todd Edwards

Vozes no original: Glenn Close, Anne Hathaway, James Belushi, Patrick Warburton, Anthony Anderson, David Ogden Stiers, Xzibit, Chazz Palminteri, Andy Dick

A idéia de Deu a louca na Chapeuzinho (Hoodwinked, 2005) é de uma simplicidade brilhante: mostrar a clássica fábula como um caso de polícia. Na história, cada um dos envolvidos, incluindo a própria Chapeuzinho, o Lobo, a Vovó e o Lenhador, dá sua versão do caso. Nenhuma delas combina exatamente com o conto original, formando então uma história principal muito mais interessante e divertida que a soma de suas partes. Com base nessa idéia foi produzido um dos mais criativos desenhos animados dos últimos tempos (não que seja difícil, afinal quantos desenhos "made in USA" têm sido sobre animais selvagens que provocam uma confusão ao entrarem em contato com a sociedade humana nos últimos anos? Eu já perdi a conta!).

A primeira alteração na história é exatamente a trama principal, que envolve uma série de roubos de receitas de doces na floresta encantada em que vivem Chapeuzinho e cia.. Este novo tema pode ser um pouco decepcionante para quem esperava ver uma versão humorística da história da Chapeuzinho Vermelho. Mas o resultado é interessante (ainda que um tanto previsível), e torna o filme mais do que um simples pastiche.

Os personagens são bem construídos e bastante criativos, mesmo os coadjuvantes. Destaque para um cabrito montês que vive trocando de chifres e só fala cantando - absolutamente hilário apesar de sua curta presença.

A animação é decente, mas não particularmente bem feita. O longa-metragem não foi feito por nenhuma das grandes produtoras de animação (Disney, Dreamworks, etc.) e, claramente, não pretendia se equiparar tecnicamente às mais recentes animações 3D desses estúdios. Sabendo de suas limitações, eles procuraram dar mais ênfase à história do que ao exibicionismo técnico. Uma sábia escolha.

O único real problema do desenho é que ele demora a engrenar. Os primeiros 20 minutos são um tanto monótonos e lembram um pouco as animações ingênuas (e arcaicas) dos primeiros tempos dos desenhos animados. Depois que o filme embala, porém, mantém o interesse até o final.

Como último detalhe, no título brasileiro deste filme (cujo título original, Hoodwinked, é absolutamente intraduzível) volta a aparecer o terrível Gerador Aleatório de Títulos de Filmes do SBT - aquela terrível máquina que enche as prateleiras das locadoras com títulos do tipo Deu a louca em X, Um Y muito louco, Uma Z da pesada, etc. Já passou a hora das distribuidoras brasileiras deixarem de lado títulos assim. Para comparação, o título em Portugal é algo como A verdadeira história de Chapeuzinho Vermelho, que, embora não seja particularmente criativo, ao menos combina mais com o filme. Se as distribuidoras continuarem usando esses títulos malhados, vai acabar dando a louca é no público.

Nota do Crítico
Bom